Raposa Serra do Sol

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Terras de Makunaima

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Violência Estatal Contra os Povos Indígenas

Na madrugada de sexta-feira, dia 29 de outubro de 2010, a Ocupação Indígena do Museu do Índio do Maracanã, instalada na primeira sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI, embrião da atual Funai) e articulada em 28 etnias organizadas no Instituto Tamoio dos Povos Originários, acordou isolada da cidade do Rio de Janeiro. O poder público, a serviço da Odebrecht Brasil SA, da Delta Construções SA e da Construtora Andrade Gutierrez SA, vencedoras da licitação para as “obras de reforma e adequação do Complexo do Maracanã" (orçadas em R$ 705.589.143,72, com 900 dias de prazo de vigência), ergueu um Muro da Vergonha - semelhante à muralha erguida pelo governo George Bush na fronteira com o México para neutralizar a imigração - separando a rua Mata Machado e os indígenas do Movimento Tamoio, residentes na Ocupação Indígena, do resto da sociedade carioca e nacional.

Seguranças da empresa terceirizada do Estádio Mário Filho impedem que os indígenas e apoiadores usem a entrada que dá acesso para a avenida Maracanã, fechada por um portão (lacrado durante à noite); um buraco foi criminosamente aberto no muro externo do terreno, Patrimônio Indígena, por ordens do engenheiro Marcos (provavelmente Marcos Vidigal do Amaral, contratado da Odebrecht Brasil SA), dando saída para a perigosa e intransitável Radial Oeste - obrigando os indígenas a darem uma volta no entorno do terreno, perigoso, pois desabitado, para irem em direção de São Francisco Xavier, onde há comércio, ou em direção do ponto de ônibus em frente ao CEFET, para poder pegar ônibus para o Centro e outros bairros.

O Cerco à Ocupação do Movimento Tamoio, às vésperas das eleições presidenciais, demonstra que o Governo Federal, amparado pelo monstro conhecido como “opinião pública”, pouco ou nada se importa com as minorias étnicas do país, o que não é de se estranhar - não tendo nenhum dos candidatos à presidência da República mencionado a situação dos Povos Originários Brasileiros nos debates, talvez encorajados pelo fraco desempenho dos candidatos indígenas nas Eleições 2010. O Governo Federal, ao longo do ano de 2010, organizou cinco mega-operações policiais e brutais contra indígenas defronte ao Congresso Nacional, cometendo ações de Terrorismo de Estado contra crianças, gestantes e idosos indígenas, sem que a mídia corporativa se dignasse a reportar. Portanto, o Governo pensa que “ninguém está vendo” (e, “se estão vendo, pouco estão se importando”).



Publicado na Midia Independente

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