Raposa Serra do Sol

Raposa Serra do Sol
Terras de Makunaima

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

COIAB ENVIA CARTA DE APOIO AO POVO TUPINAMBÁ

Carta de apoio ao povo Tupinambá

A COIAB vem manifestar seu apoio ao povo Tupinambá que historicamente tem sido alvo de perseguição, com a prisão de suas lideranças que lutam pela retomada de seus territórios tradicionais.

A criminalização de lideranças indígenas tem se tornado uma prática constante ao longo dos tempos. Trata-se de uma resposta dos grandes empresários, latifundiários e políticos que são contra a demarcação das terras indígenas.

A COIAB se mostra contra essas práticas de perseguição e insiste que as autoridades competentes apurem as denúncias de tortura cometidas contra as lideranças indígenas e que os culpados sejam penalizados.

Durante o mandato do presidente Lula foram mais de 400 lideranças indígenas assassinadas.

Junto com o povo Tupinambá, exigimos a libertação da cacique Maria Valdelice de Jesus, a Jamapoty, liderança da Aldeia Itapoã que foi presa arbitrariamente no último dia 03, acusada de invasão de terras, quando na verdade o povo Tupinambá segue firme na luta pelo reconhecimento de seu território tradicional.

Saudações Indígenas,

Marcos Apurinã

Coordenador geral da COIAB

Sonia Guajajara

Vice-coordenadora da COIAB



SITE: http://www.coiab.com.br/coiab.php?dest=show&back=index&id=687&tipo=N

COIAB ENVIA CARTA DE APOIO AO POVO GURANI KAIOWÁ

Carta de apoio ao povo Guarani Kaiowá

A COIAB vem por meio desta, declarar seu apoio aos parentes Guarani Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, que sofrem a injustiça de não terem seus territórios garantidos, estando sujeitos a todo tipo de humilhação.

É com muito pesar que acompanhamos a história de sofrimento e resistência desse povo guerreiro, vivendo em acampamentos na beira das rodovias, convivendo com as estradas que oferecem muito perigo e pouca ajuda. No estado onde vivem mais de 50 mil indígenas, é um absurdo não haver terra para esse povo.

A problemática da terra para os povos indígenas é reforçada pelo descaso dos governos. Durante a gestão Lula somente 88 terras indígenas foram homologadas, uma grande traição para aqueles que acreditavam em sua história de luta vindo do movimento sindical.

Os parentes Guarani Kaiowá não têm aonde plantar, por isso vivem de doações. Entretanto, as cestas básicas não são suficientes, como também não é suficiente a atenção do órgão indigenista oficial. Sentimos nojo da inoperância da FUNAI.

Repudiamos a lerdeza com que o Governo Federal trata as questões referentes à identificação, demarcação e homologação das terras Guarani Kaiowá.

Repudiamos as usinas de etanol que se espalham como pragas junto aos campos agrícolas semeados com soja e cana-de-açúcar para alimentarem a fome do capitalismo.

É preciso investigar o assassinato das lideranças do Povo Guarani Kaiowá. Esses crimes não podem ficar impunes. Os fazendeiros e seus jagunços devem ser responsabilizados.

Parentes, um índio sem a sua terra é como um pássaro sem o céu.

Sofremos com a tristeza de seu povo.

Ela também é a nossa tristeza.

Sonhamos o mesmo sonho que vocês. Sonhamos a nossa Terra Mãe livre das ameaças, da maldição do agronegócio e dos grandes projetos. Essa é a reza que os povos da Amazônia fazem.

Estamos todos unidos.

Saudações Indígenas,

COORDENAÇÃO DA COIAB


SITE: http://www.coiab.com.br/coiab.php?dest=show&back=index&id=686&tipo=N


Ser Indío e ser mais que brasileiros

Atualmente no Brasil, nós povos indígenas vivemos em intensa pressão, seja por partes de fazendeiros que contratam jagunços para nos perseguir, ou mesmo pelo governo que tem outras formas de nos perseguir “uma perseguição regularizada por ele mesmo”.

Na Bahia as lideranças indígenas vêm recebendo acusações injustas. Aliás, não só acusação tem prisões também. Em Roraima a Raposa Serra do Sol, não foi diferente, mais de trinta anos de lutas dos povos indígenas até conseguirem ter nossas Terras demarcadas. Mais isso não é tudo: o governador atual, por que se reelegeu, disse: que a Raposa Serra do Sol, se transformaria em um zoológico humano. O finado governador, Ottomar de Souza Pinto, chegou a declarar luto quando a Raposa Serra do Sol, foi homologada. No mato Grosso, as Terras dos Povos indígenas de lá nunca forma demarcadas.


Somos tratados de forma diferente de outros cidadões, não é de hoje, é desde as invasões de nossa Terra(BRASIL) , que sofremos injustiça. Mais sobrevivemos, mesmo assim, de quatro anos muda de governos, mais o resto continua o mesmo. A saúde em nossas aldeias, está complicada, prova disso a denúncia que as lideranças fizeram a COIAB, sobre o DSEI-MANAUS, Na Educação não é Diferente, as escolas que aqui na Raposa Serra do Sol se diz “ESTADUAIS” são construídas e muitas vezes mantidas por nós mesmo, assim também os postos de saúde.


Quando nos mobilizamos para reclamar, ou denunciar, somos taxados de formadores de quadrilhas, e mandam a polícia ao nosso encontro. Foi assim, que aconteceu com as lideranças Tupinambás. Nosso direito a Terra é Constitucional, mais não é cumprido. Vivemos em um país democráticos, mais somos obrigados a votar em pessoas que não fazem quase nada, ou mesmo nada por nós. Aí vão se perguntar, e por que não votam no pessoal que represente vocês? Tentamos, mais nossas lideranças que lutam pelo povo, são perseguidos e muitas vezes mortos. Nos programas do Governo federal, que passam nos canais te TV, é uma maravilha: transporte escolar,para todos os que moram longe da Escola, é pra nós não chegou, temos que ir andando, muitas das vezes sentar no chão, escrever no papelão.

Não sei ser brasileiro é merecer esse tratamento, só sei que o descaso com as questões indígenas é visíveis, só não ver quem não quer. Taí na frente dos olhos: hidelétrica de Belo Monte é Suicídio!!! Não demarcar nossas Terras é Inconstitucional !!!, prender as lideranças que lutam por uma melhoria de seus Povos, é falta de Respeito !!!, Bom e o que é que não é falta de respeito ?? Quem liga pra isso é só nós mesmo: Os povos Indígenas. Então é por isso que mesmos com, prisões, mortes, ameaças, discriminação e preconceito, nós vamos continuar nossa luta. Vamos continuar até o fim, e eu digo, o fim está muito longe, mais nós somos fortes o suficiente.

Alex Makuxi – Raposa Serra do Sol

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Por que não elegemos Deputados Indígenas…?

Por Taukane, Estevão Carlos Etnia Bakairi (Kura) – MT

Levantar as possíveis causas e conseqüências do fracasso eleitoral no mundo indígena é o desafio e o tema ao mesmo tempo que nos obrigam a refletir com urgência, e temos certeza que vamos recolocá-los em seus devidos termos, para tentarmos mudar esse paradigma que já virou um ciclo vicioso.

Para objetivar nossa análise vamos delimitá-la a partir do final da ditadura militar, a saber, de 1980 a 2000, período em que como observador atento constatamos aumento progressivo das demandas do ‘movimento indígena organizado’. E sua inserção no noticiário da imprensa nacional, tendo por foco a participação indígena dentro do processo de redemocratização do país, com eleições livres para presidentes, deputados, prefeitos, vereadores, etc.

Assim, lembramos que importantes fatos sociais aconteceram neste espaço de tempo [mais de 20 anos] no âmbito da sociedade nacional [e por extensão no que tange aos povos indígenas] estes, na área dos direitos humanos, com a promulgação da Constituição Cidadã de 88, o fortalecimento dos movimentos sociais, a eleição do cacique Xavante Mário Juruna [1982-1986] para Deputado Federal, e de recente um sindicalista metalúrgico Lula presidente do Brasil [2002-2010].

Em referência à eleição do Deputado Federal, Mário Juruna (PDT-RJ), na condição do primeiro índio brasileiro da história eleito deputado, destaque-se, para não dizer que nunca tivemos um parlamentar de sangue nativo, mas diga-se também que, creditamos a vitória eleitoral de Juruna, mais à benevolência da população carioca e menos à competência de nossas organizações próprias. Não é nenhum demérito. Em outros termos, a eleição do nosso parente, ainda que se trate de um fato histórico incontestável, foi uma exceção ocorrida do mesmo modo que aconteceu com o episódio do nosso amigo palhaço Tiririca, eleito deputado federal pelo povo de São Paulo. Nada contra. É apenas uma constatação fática.

Mas, e aí, quanto a nós, hoje, como fica? Continuamos seguindo apenas como lembretes das chamadas autoridades constituídas, que aparecem nessas ocasiões “democráticas eleitorais”, como meros coadjuvantes e eternos descendentes dos ‘primeiros habitantes’ e ‘donos’ deste país continental? Ou vamos reagir para transformamos essa história! E o que nos falta? A união, organização, inteligência? Ou recursos humanos? Ou é o fato de pertencermos a povos étnicos minoritários que vem atrapalhando nossa articulação em busca de maior coesão?

Sobre o perfil de nossas lideranças políticas: O que dizem os parentes de modo específico e em geral. E como devemos formar um perfil ideal de uma candidatura própria identificada com os anseios dos nossos caciques, dos nossos grandes sábios que são os pajés? E o modo de proceder, os ideais, a atuação, e a defesa de projetos e propostas por parte de candidatos que se lançam para concorrer, têm refletido as reais necessidades das aldeias? Como isso é feito? Há um consenso na escolha de candidatos indígenas? Quem faz isto?

Enfim, por que não elegemos um deputado indígena até agora ? Ou melhor, de quem é a culpa, se é que existe alguém culpado nesta história. Dos missionários católicos? Dos evangélicos que atuam junto aos povos, ou é da FUNAI e/ ou das Ong’s indigenistas que não nos promovem com medo de que vão nos perder para sempre!?

Questões acima elencadas devem e precisam ser debatidas com maturidade, equilíbrio e muita sinceridade, para reorientarmos a construção de um projeto político indígena em nível de Brasil, urgentemente, sob pena de continuarmos sem eleger os nossos representantes, nem no plano estadual nem no plano federal, a exemplo do que aconteceu em 2010 nas últimas eleições.

1. Taukane é um indígena da etnia Bakairi autodenominada Kura ou Kurodomodo, e acadêmico do curso de Filosofia da UFMT.