Raposa Serra do Sol

Raposa Serra do Sol
Terras de Makunaima

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Situação dos Alunos Indígenas da Universidade Federal de Roraima

Atualmente se prevê que se tenha um total de 400 alunos indígenas matriculados na UFRR, desses a maioria cursa a Licenciatura Intercultural Indígena, em segundo lugar vem o novo curso de Bacharel em Gestão Territorial Indígena( Novo Curso), ambos são frutos do Instituto Insikiran, e os outros alunos se dividem nos diversos cursos não específicos da Instituição. E já se planejam o projeto Político Pedagógico do Curso de Gestão de Saúde, também pelo Instituto Insikiran.
A preocupação maior é que os alunos que cursam os curso não específicos, como vou chamar aqui( são aqueles que os alunos estudam com alunos não indígenas, como é o caso de história, medicina, psicologia, antropologia, etc), esses alunos não tem um projeto de acompanhamento e formação. Nesse caso, coloco aqui também o Processo Seletivo Específicos para Indígenas, que são o que oferecem as vagas nos cursos de Bacharéis não específicos da UFRR.
Os alunos da Licenciatura Intercultural Indígena, a maior parte deles são professores concursados, e os que não são recebem uma bolsa para continuar estudando, os alunos do Curso de Gestão territorial, que o semestre é divido em duas etapas: período Universitário e período Comunitário, recebe um auxilio da FUNAI no valor de R$300,nos meses correspondente ao período comunitário. Já o caso dos alunos de outros cursos da UFRR, são os que posso dizer que não tem apoio, nem da Universidade, e em parte, alguns recebem uma ajuda de custo da FUNAI no valor de R$ 214. Esses, além de competir com a maioria dos alunos da Universidade as bolsas que são oferecidas por ela. O falta de recursos financeiros, são os principais culpados pela evasão dos alunos indígenas.
O fato de a Universidade ter o Processo Seletivo Específicos para Indígenas, o que chamamos de PSEI, não quer dizer que todos os alunos que entraram se formarão. Afirmo esse fato, pois ao pensar entrada de Alunos Indígenas a universidade não pensou na “PERMANENCIA” desses alunos. Isso ocasiona sérios problemas a estes, primeiro, sem recursos para compra de livros ou apostilas, eles acabam ficando reprovados em disciplinas no decorrer do semestre, impossibilitando assim de poder concorrer a Programa de Iniciação Cientifica – PIC, sem falar no atraso do curso.

Acredito que tanto a FUNAI como a UNIVERSIDADE são as capazes de assumir esse compromisso com esses alunos, que a cada ano vem crescendo em números surpreendentes dentro da Instituição. Caso contrário, vamos continuar entrando nas Instituições de Ensino Superiores, e ficaremos entregue a sorte, e muitas das vezes, quando poderíamos contar com um profissional Indígenas Formado, vamos continuar dependendo de profissionais que demoram uma década para entrarem nas comunidade indígenas.

Alex Makuxi

Estou na cidade e Contínuo sendo Índio

A maioria dos indígenas que vive nas cidades sofreram e sofrem discriminação e preconceito. Em muitos casos o discurso preconceituso vem acompanhado do senso comum, “índios é o que vive na mata, que anda pelado, que não tem veículo automotivo…” enfim, esse fato foi discutino na cidade de Boa Vista através da Organização dos Indígenas da Cidade – ODIC, essa organização está lutando com unhas e dentes para barrar essa margem de preconceito.
O fato a questionar é : os indígenas vieram para a cidade? ou a cidade que chegou para os indígenas ? Por que assim, pois vejamos, a cidade está cercada pelas comunidades Indígenas e nela se encontram aproximadamente 30 mil indígenas. Muitos deles vindo de outros países vizinhos. Segundo o Professor Reginaldo Gomes de Oliveira, da Universidade Federal de Roraima, aqui onde é a atual Cidade de Boa Vista era uma Comunidade Indígena Macuxi, e o nome seria kuwai Krî, que quer dizer Terras de Buritizais. Essa mesma História, se repete nas reuniões da ODIC, e também nos discursos de alguns ãnciões de comunidades do Interior do Estado.
Boa Vista foi implantada em cima de uma Comunidade Indígena, e o melhor é uma Comunidade Indígena, e a maior do Estado. Pode ser dizer que a maior aldeia de Roraima é BOa Vista, sem pingo de dúvida. De acordo com a História do não-índio a cidade criou-se a partir de uma Fazenda, o que ao se questionado com alguns anciões de comunidades, eles afirmam que tinha sim uma fazenda, mais não a que se tornou Boa Vista.
O fato de eu está na cidade, usar celular, roupa, calçado, ir para a universidade, passear nas praças, não me tira a identidade indígenas, aliás eu na cidade estou apenas visitando parentes, o que significa que aqui na cidade eu me sinto como na minha comunidade, só que agora aqui é uma comunidade onde se tem vários Povos Indígenas e não Indígenas.
Em observação quero citar qui dois livros que foram lançados pela UFRR em parceria com a Organização dos Índios da Cidade – ODIC:

>Diagnóstico da situação dos Indígenas da Cidade de Boa Vista – Roraima.
>Projeto Kuwai Kîrî: a esperiência Amazônica dos Indíos Urbanos de Boa Vista Roraima.

Esses dois livros trata das questões relativas a situação dos indíos na cidade de Boa Vista. O primeiro, destaca nos discursos dos indígenas o preconceito, a discriminação, o racismo social entre outros com relação aos povos indígenas na Cidade. o Segundo são relatos de membros da ODIC, dos trabalhos desenvolvidos nos baiirros.

Alex Makuxi

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Caça de bruxas no Brasil é caça de indígenas - E esta caça continua

Texto de autoria do professor José Ribamar Bessa Freire, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ) e editor do site-blog Taqui Pra Ti, publicado na coluna de publicação aberta do CMI.


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A segunda-feira da índia Rosi Waikhon na periferia de Manaus foi um dia de cão. Escapou, por pouco, de ser apedrejada. Ao sair de casa, várias pessoas lhe atiraram na cara frases do tipo: "Ei, índia, você não é gente, índio mata o próprio filho, vocês deviam morrer". Minha amiga há muito tempo, ela me confidenciou: "Meu dia virou um terror, em todos esses anos, nunca tinha ouvido palavras tão pesadas e racistas".
Quem humilhou Rosi estava indignado, porque no dia anterior havia presenciado o 'assassinato' de crianças indígenas, cometido pelos próprios pais, que praticam o 'infanticídio', tudo isso exibido no programa Domingo Espetacular da TV Record. Felizmente, como nos filmes americanos, chega a cavalaria para salvar vidas ameaçadas por índios bárbaros. A missionária evangélica Márcia Suzuki, cavalgando a emissora do Edir Macedo - tololoc, tololoc - leva os bebês arrancados das garras dos 'criminosos' para a chácara da igreja neopentecostal. Enfim, salvos.
LEIA MATÉRIA COMPLETA
As pessoas viram trechos do vídeo 'Hakani' com o sepultamento de uma criança viva. A voz cavernosa de um narrador em off anuncia que se trata de prática generalizada: "A cada ano, centenas de crianças são enterradas vivas na Amazônia". O xerife Henrique Afonso, deputado
federal do Acre, quer prender os 'bandidos'. Faz projeto de lei que criminaliza o 'infanticídio indígena', invoca a Declaração Universal dos Direitos Humanos e apela ao papa Bento XVI para que "intervenha contra o crime nefando".
Como tem gente boa no mundo, meu Deus! Mas sobrou para Rosi que viveu uma 'segunda-feira espetacular'. Quase foi linchada. Não foi a única. Rosi é índia Waikhon ? etnia conhecida também como Piratapuia. Mora na Terra Indígena Alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira (AM) e está de passagem por Manaus. É educadora e líder da Foirn - Federação das
Organizações Indígenas do Rio Negro. Escritora, participou de dois Encontros de Escritores Indígenas na UERJ. Ela faz um apelo:
- "Gostaria de pedir aos senhores que não continuem usando o termo INFANTICIDIO INDIGENA. Por favor, não aumentem o preconceito e o racismo contra nosso povo".
Xamãs e bruxos
Afinal, os índios cometem infanticídio? Essa é mesmo uma prática generalizada na Amazônia? Francisco Orellana, o primeiro europeu que cruzou o rio Amazonas dos Andes ao Atlântico, em 1540, viu coisas muito estranhas. A crônica da viagem ? repleta de 'domingos espetaculares' - conta que ele se deparou com elefantes em plena selva, comeu carne de peru, bebeu cerveja feita pelos índios e combateu as precursoras do infanticídio - mulheres guerreiras que matavam seus filhos homens. A Europa acreditou piamente em suas histórias.
Orellana, coitado, sentiu o mesmo problema do xerife Henrique e da cavaleira Suzuki: como descrever aquilo para o qual não tenho palavras? Orellana viu antas bebendo água no rio. Não existia esse animal na Europa, nem muito menos a palavra anta nos dicionários. Como dar conta dessa realidade desconhecida, nova e estranha? O bicho era grande? Era. Tinha tromba? Tinha. Então, ele sapecou: "vi elefantes". Afinal, elefantes são grandes e tem tromba. O mesmo com as mulheres que combateu. Na Europa, mulheres não iam pra guerra. Então, Orellana recuperou o mito grego, que a Europa conhecia muito bem. Esse processo de equivalência entre objetos conhecidos e objetos novos foi muito usado nos registros coloniais. Ele consiste em definir fatos representativos de uma cultura com símbolos de outra cultura. Mutum passa a ser peru, caxiri se transforma em cerveja, inambu vira perdiz e mulheres que trocam o fogão pelo arco-e-flecha são amazonas. Essa operação reduz e simplifica enormemente a diversidade e a riqueza cultural, porque o símbolo não consegue transmitir toda a sua carga de significado de uma cultura a outra. Foi assim também com os pajés e xamãs, que não existiam na Europa e
foram denominados de 'feiticeiros' pelos colonizadores, com conotações altamente negativas que o equivalente não tem. As consequências foram trágicas, porque se ninguém mata uma anta pra extrair marfim dela, feiticeiros e bruxos eram, no entanto, condenados à fogueira. O infanticídio é crime punido por lei. Denominar de infanticídio uma prática cultural que desconhecemos e que nos choca não ajuda a entendê-la, oculta a anta e não revela o elefante, além de ser um convite para criminalizar os povos indígenas e condená-los à fogueira. Quando os antropólogos ou agentes de pastoral do CIMI chamaram a atenção para tal leviandade e para o erro em generalizar para todos os povos, a ONG Atini os acusou de defenderem o 'infanticídio' porque querem impedir a mudança cultural.
Os antropologos
Todos os antropólogos - TODOS - sabem que a cultura é dinâmica, isso faz parte do bê-á-bá da antropologia. Nenhum antropólogo - NENHUM - se manifesta contrário a mudanças, até porque isso seria inútil. Ao contrário, o que os antropólogos estão dizendo, para horror do agronegócio interessado nas terras indígenas, é que índio não deixa de ser índio porque usa computador e celular. Mas a emissora do Edir Macedo grita espetacularmente contra os antropólogos, sem citar nomes:
"Há quem diga que a prática de matar crianças deficientes, gêmeas ou filhas de mães solteiras deve ser defendida para manter a cultura". Não cita o nome de um só antropólogo, nem o livro ou artigo de onde foi pescada tal 'informação', porque ela é falsa. Na realidade, o que se pretende é quebrar a parceria com os principais aliados dos índios na luta pela saúde, educação e demarcação da terra. A ABA - Associação Brasileira de Antropologia, através da Comissão de Assuntos Indígenas, já havia publicado nota esclarecedora assinada por João Pacheco. "O vídeo Hakani - diz a nota - não é um registro documental proveniente de uma aldeia indígena, mas o resultado de uma absurda encenação realizada por uma entidade fundamentalista norte-americana. Utilizado como base para uma campanha contra o infanticídio supostamente praticado pelos indígenas, tem também a finalidade de angariar recursos para as iniciativas (certamente mais 'pilantrópicas' do que filantrópicas) daqueles missionários". Diz ainda que a prática daquilo que estão chamando inapropriadamente de infanticídio entre os indígenas "são virtualmente inexistentes no Brasil atual". Ali onde eram localizadamente praticadas estão deixando de existir com a assistência médica e a demarcação de terras, por decisão dos próprios índios, conforme esclarece Rosi:
"Sou indígena, meu povo também tinha essa prática, mas não precisou de ONG nenhuma intervir para mudarmos. Os gêmeos, trigêmeos e os deficientes indígenas da região em que vivo estão sobrevivendo sem intervenção de Ong. Por favor, não peçam dinheiro em nome do infanticídio indígena".
A nota da ABA reforça: "Por que substituir a mãe, o pai, os avós, as autoridades locais por uma regulação externa e arbitrária? As crianças indígenas não são órfãs. Bem ao contrário, estão melhor protegidas e cuidadas no âmbito de suas coletividades e por suas famílias. Uma intervenção indiscriminada, baseada em dados superficiais e análises simplórias, equivocadas e preconceituosas, não poderá contribuir para políticas públicas adequadas a estas populações".
O abandono e morte de crianças indígenas com sofrimento, dor e tensão foi a resposta dada por algumas comunidades a um infortúnio ou desgraça que as acometia e que está sendo discutido e solucionado pelos próprios índios diante da nova situação em que vivem. Doía tanto quanto para Abrahão matar seu filho.
Então, ficamos combinados assim: uma anta é uma anta, um elefante é um elefante, a resposta dada por algumas comunidades tem tromba e é grande, mas não é elefante, e o Edir Macedo é....bom todo mundo sabe o que é Edir Macedo.
TROCA DE CARTAS ENTRE ROSI WAIKHON E MÁRCIA SUZUKI
Houve uma troca de cartas, via e-mail, entre a índia Rosi Waikhon e a missionária Márcia Suzuki, da Ong Atini. Rosi revisou o texto para publicação e me autorizou a fazer circular alguns trechos, aqui publicados por se tratar de um documento útil a quem se interessa pelo
tema.
1ª. CARTA DE ROSE (13/11/2010) - Na primeira delas, Rosi critica: "Encontrei na internet comentários, com mensagem racista e preconceituosa postada por um cidadão que leu a matéria de vocês intitulada 'Infanticídio Indígena'. Ele chamou a nós indígenas de desumanos, e isso graças à forma como vocês estão tratando o assunto. Gostaria de pedir aos senhores que não continuem usando o termo 'infanticídio indígena'. Por favor, não aumentem o preconceito e o racismo contra nosso povo".
"Na sociedade de vocês, estou cansada de ver: babás filmadas por câmeras ocultas espancando bebês em suas casas; torturas nas creches; recém-nascido jogado no lixo; crianças revirando lixo nas ruas, crianças estupradas, crianças com síndrome de Dow mortas pelos pais, outras jogadas do alto dos prédios, queimadas, espancadas, mortas, assassinadas. Isso no meu olhar indígena é infanticídio, mas nós, índios, não fazemos isso. Por favor, não peçam dinheiro em nome do infanticídio indígena".
"A questão por mim colocada é para que vocês OLHEM o infanticídio em volta de vocês no lugar de só procurarem entre os índios. O estado brasileiro QUANDO encontra a mãe que faz isso, bota a mulher na cadeia, não quer saber se essa mãe tinha casa, se estava passando fome, se sofria alguns distúrbios, se pelo menos essa mãe conseguiu fazer o pré-natal no posto de saúde. Sou contra o racismo e a xenofobia contra o nosso Povo Indígena, ainda mais provocado sem pensar, por isso recomendo que tratem do INFANTICÍDIO e não apenas dos povos indígenas".
RESPOSTA DE MÁRCIA (13/11/2010) - A dirigente da Ong Atini responde insistindo no uso da palavra infanticídio. Argumenta que a definição do termo vem do latim - infanticidium - que significa a morte de criança, especialmente recém-nascida. Reconhece que ele é amplamente
cometido na sociedade brasileira, mas que existem outras ONGs para cuidar disso:
"Conheça-nos melhor, sra. Rosi, assista nossos vídeos. Veja Rosi, são os próprios indígenas que falam. Depois de assistir a esses vídeos e ler nosso material entre em contato dizendo o que achou, por favor".
2ª. CARTA DE ROSI (14/11/2010) - Rosi assistiu o documentário 'Quebrando o silêncio' feito pela ONG Atini e dirigido por Sandra Terena, onde se afirma que "crianças indesejadas são condenadas à morte por nascerem com deficiência física ou mental, por serem gêmeas, filhas de mãe solteira ou ainda por serem vistas como portadoras de azar para a comunidade". O documentário traz depoimentos de vários índios do Brasil central sobre o que a ONG classifica como infanticídio:
"a tradição manda que as crianças sejam enterradas vivas, sufocadas com folhas, envenenadas ou abandonadas para morrer na floresta".
Rosi leu o texto "A estranha teoria do homicídio sem morte", de Marta Suzuki e deu, então, uma longa resposta, afirmando que sua interlocutora não compreendeu a profundidade do assunto, desconhece os estudos dos antropólogos, a quem ataca, e assume "as piores interpretações possíveis sobre os povos indígenas, sobretudo as questões das mulheres indígenas".
Os principais trechos vão aqui selecionados:
"Sou indígena. Entendo perfeitamente o que meus parentes indígenas do centro do país estão dizendo. Respeito o modo de pensar deles. Meu povo também tinha essa prática, mas não precisou de ONG nenhuma intervir, achando que somos incapazes de resolver nossos problemas". "Quero dizer-lhe que os gêmeos, trigêmeos e os deficientes indígenas da região do Rio Negro, onde moro, estão todos vivos, sobrevivendo sem intervenção de ONGs. Apesar da ineficácia do sistema de saúde indígena, tivemos sim apoio da equipe de saúde nas reflexões e tomadas de decisões com relação ao assunto".
"Mas a ineficácia crônica dos poderes públicos com relação à assistência aos povos indígenas é grande. Isso sim tem que ser documentado, mostrando a verdadeira face de como os povos indígenas são tratados no Brasil. Os profissionais que atuam em áreas indígenas têm que ser melhor qualificados, as escolas e as universidades devem ter aulas de história indígena para explicar a diversidade e a peculiaridade de nossos povos". "A falta de aprofundamento de estudos por parte da ONG deixa muito a desejar. Uma vez veiculada na mídia, a ideia do indígena ruim e mau já foi repassada, não tem como reverter. Vocês deveriam ter refletido que
no nosso país tem muitos analfabetos de conhecimento indígena. Deveriam ter pensado que ao tratar dos povos indígenas, as interligações são diversas. Deveriam pensar uma melhor maneira de tratar o assunto, porque ele é mais profundo do que vocês imaginam".
"Os internautas que são analfabetos em assunto indígena não vão querer saber o contexto de cada caso, e jamais irão compreender, pois esse assunto não se estuda em academias e muito menos nas escolas. Generalizar para eles é mais simples e fácil, provocando conceitos racistas e xenofóbicos, assim como está ocorrendo".
"A questão não é julgar e condenar ninguém, mas esclarecer que o desejo de AJUDAR os povos indígenas não se resume em classificar cultura ruim e cultura boa, costume ruim e costume bom. Vai além disso, muito além. Quando os não-índios chegaram, também a intenção
deles era AJUDAR, 'civilizando-nos' para os costumes deles, alegando que nossa cultura era atrasada, isso no olhar deles. Inconscientemente, vocês estão seguindo o mesmo caminho".
"Quando procurados para resolver o assunto, deveriam ter encaminhado aos órgãos competentes brasileiros e não tomar para vocês a responsabilidade que é do Estado. Aí sim, vocês estariam ajudando o país a revisar as políticas públicas relativas aos índios e a combater
a omissão do Estado". "Isso evitaria que os analfabetos em questões indígenas tivessem a interpretação que estão tendo, após o início da campanha de vocês. Na atualidade, o infanticídio está ligado à saúde pública e não somente à cultura desses povos. Mas o sistema de Saúde Indígena é ineficiente, com a maioria dos profissionais despreparados para atuar em áreas indígenas e lidar com tais assuntos. Os poucos profissionais competentes não são valorizados". "Essas questões e outras relativas à saúde pública não são aprofundadas por vocês. É fácil falar superficialmente, o difícil é falar da raiz do problema e buscar solução. O despreparo da maioria dos órgãos públicos para lidar com certos assuntos indígenas sempre
foi e é um grande problema. Alguns avanços foram feitos, mas falta ainda muito a caminhar. É preciso cobrar do Estado suas responsabilidades".
"Muitos séculos atrás, alguns naturalistas ocuparam infinitas páginas em seus diários, falando do infanticídio entre os povos indígenas. Mas pouco escreviam sobre as relações sociais familiares e a importância da criança indígena. Naquela época, éramos autônomos e felizes. Não existia Estado brasileiro, nem dinheiro, TV ou internet".
"Por que será que registravam o infanticídio entre os povos indígenas e nada escreviam sobre o infanticídio cometido pelos povos ao qual pertenciam? É fácil enxergar e julgar os outros, o difícil é olhar ao seu redor, entender cada contexto e sua realidade".
"Faz algum tempo, os jornais noticiaram que uma mulher seria apedrejada até a morte, no Irã, por ter cometido adultério. Então vários países foram contra, pois era uma VIDA que estava em jogo. Passado pouco tempo, os jornais noticiaram que nos Estados Unidos um homem condenado à pena de morte foi executado, uma injeção retirou a VIDA dele. Um ser humano tira a VIDA de outro ser humano, isso com o consentimento de todos. Não vi nenhuma manifestação contra a execução".
"A questão não é se o ser humano que foi condenado é bom ou ruim, mas a discussão é sobre a VIDA. De acordo com slogan de vocês: SALVE UMA VIDA. No exemplo citado, uma vida foi tirada aos olhos do mundo inteiro. Analisemos o caso. O homem estava há anos confinado em celas do presídio. Não tinha liberdade! Isso é vida? Ele estava sozinho na cela, igual a um passarinho engaiolado. Sem sua família. Ele é um ser humano, foi gerado pelo pai e mãe, nasceu de uma mulher. Isso é vida? Talvez ele tinha uma esposa e até um filho. Mas não podia compartilhar com seus familiares. Isso é vida?"
"Para mim, que sou uma mulher indígena Waikhon, a Vida vai além do corpo físico, além dos órgãos vitais, além do espiritual, além do mundo que nos rodeia. Tudo tem vida: o ar que eu respiro, o sol que me aquece, o alimento que eu como, o rio, a mata... Mas isso é difícil para os não índios entenderem, porque vejo que estão matando a vida, por exemplo, os rios em suas cidades, vocês despejam lixo nele, tentam recuperar, mas os esgotos são canalizados para os rios e igarapés". "Os rios e igarapés estão chorando, estão desidratados, estão quase morrendo. Eles não são seres humanos, mas têm vida. Nós, índios e não-índios, precisamos deles, porque sem água o ser humano não vive. Ele morre. Estão vendo como uma coisa está interligada à outra?" "Com relação ao exemplo citado do homem condenado à morte, não tiraram só uma vida dele, tiraram várias, a vida final foi a dos órgãos vitais e a do corpo físico. Estão vendo como é complicado?" "Muito tempo atrás, os 'civilizados' também começaram a tirar nossas
vidas. Invadiram nossas aldeias. Queimaram nossas casas. Tomaram nossas terras. Estupraram nossas mulheres. Mataram nossas crianças. Travaram brigas de índio contra índio. Escravizaram nosso povo, nos chamando de atrasados, que impediam o progresso do Brasil. Hoje, muitos são executados por causa da posse da terra. Os não-índios ricos e poderosos colocam índio contra índio, nos dividem para poder tomar posse de nossas terras".
"Quando se trata de questão indígena, não se pode cuidar só do pé ou da mão. Nossos membros estão interligados. É preciso aprofundar o estudo sobre nossas culturas para não causar, mesmo inconscientemente, o racismo e a xenofobia na sociedade que ainda não consegue compreender os povos indígenas e as diferentes formas de sobreviver num mundo tão complicado".
"Quero dizer aos senhores que antigamente o povo a qual pertenço praticava o que vocês chamam de infanticídio e não era infanticídio, nem indígena, pois na época não tinham nos apelidado ainda de índio. Como seria intitulado nos dias atuais, se os exploradores de nossas
terras, muitas delas tomadas pelos latifundiários, que nos chamam de preguiçosos, não tivessem nos apelidado? Seria infanticídio waikhon, kamaiurá, kayabi?"
"Atualmente nós não temos mais essa prática, pois os gêmeos, trigêmeos e deficientes continuam vivos, são acolhidos muito bem, também existem não-índios solidários que ajudam cuidando dessas crianças, mas elas NÃO SÃO RETIRADAS DE SUA FAMÍLIA NEM DE SUAS ALDEIAS. Na Terra Indigena onde habito somos mais de 20 povos indígenas, entre eles tem
também os Yanomami. Recentemente, nasceram trigêmeos Yanomami, a equipe de saúde ficou temerosa, porque lá ainda existe essa prática".
"Diante disso, houve um DIÁLOGO entre a equipe de saúde, as lideranças indígenas, a família e o povo Yanomami. Sabe o que aconteceu? Depois de logos dias de diálogo, os pais ficaram com dois, os avós maternos ficaram com o terceiro. As crianças não foram retiradas do seu seio familiar, de seu povo, de suas terras, como vocês fazem. Tudo é questão do diálogo, respeito, entendimento, pois os povos indígenas, apesar das diferenças, têm inteligência e capacidade de chegar a um acordo".,/p>
"Já que a Ong Atini está tratando do público indígena, respeito o modo de pensar de vocês. Mas quero lhe dizer que uma vez um indígena afastado de seu povo, de seu habitat, de suas terras, essas famílias e crianças não deixarão de ser índios (as), mas nunca mais serão os mesmos. Pois terão que seguir as violentas regras da civilização e do capitalismo para sobreviverem, como mão de obra barata da sociedade integracionista".
"O que me entristece é o termo 'infanticídio indígena', era melhor vocês estudarem outro termo, porque esse atual afeta todos nós. Na atualidade, estamos tratando do assunto de forma diferente da de vocês e não ficamos pedindo dinheiro para montar uma aldeia na cidade. A Ong
de vocês tem um habitat que se assemelha a uma aldeia conforme o entendimento de cada povo indígena? Porque pelo que vi lá tem pessoas de povos diferentes, tem Kamaiurá, Kayabi, Sateré-Mawé... Ou é tudo feito ao molde de vocês?"
"Cada povo indígena tem sua estrutura social, econômica, política, cultural, seu idioma, sua religião, sua alimentação...Isso aqueles que não sofreram a desestruturação do Estado brasileiro integracionista e a lavagem cerebral dos missionários que cuidam apenas da alma dos índios. Cada povo indígena sofreu a integração e a intromissão do não-índio de forma diferenciada e na atualidade tentaram de alguma forma se reorganizar e sobreviver. Vocês levam isso em conta? De que maneira?"
"Senhores, sou uma índia em busca de resposta e tentando sobreviver no mundo não-indígena. Penso que o diálogo é importante. Após a matéria de sua Ong veiculada na rede Record, sofri momentos terríveis. Sabe como os civilizados falaram na minha cara? 'Ei, índia, você não é gente, índio mata o próprio filho, vocês deviam morrer'. Foi mais de uma pessoa, foi por isso que resolvi escrever.Meu dia virou um terror, em todos esses anos, nunca tinha ouvido palavras tão pesadas e racistas".
"Se vocês estivessem no meu lugar o que fariam? Registrar na delegacia? Mas como se num centro urbano desorganizado são tantas pessoas e não há polícias à disposição para tomar providências! Como pegar o nome dessas pessoas? Complicado pra quem não tem habilidade de cidade grande".
"Fiquei muito triste por tudo. Não culpo essas pessoas, porque elas simplesmente são influenciadas pela ignorância, mal devem ter uma TV em casa, muitas vezes não têm nem o que comer, muito menos irão se aprofundar sobre o assunto. São filhas do sistema opressor da
ganância, do egoísmo e do individualismo. Se aconteceu comigo, pode ter acontecido com outros".
"Desculpem se estou ofendendo vocês, mas a cada dia que eu for ofendida por conta desse assunto, escreverei cartas, pois a escrita é a única ferramenta do não-índio que possuo. Só estou escrevendo, porque fui atingida como indígena. Não falo em nome dos povos indígenas do Brasil, porque compreendo as peculiaridades diversas e respeito a maneira de pensar dos outros parentes. Já temos problemas demais para ter que enfrentar no mundo atual. Todo cuidado é pouco para não travar brigas de índios contra índios. É isso que a Ong não consegue compreender".

Se quiser comentar esta matéria entre no site aqui mencionado!
http://prod.midiaindependente.org/pt/blue/2010/11/481417.shtml


terça-feira, 23 de novembro de 2010

Alunos fazem protesto contra a violência


Neuraci Soares


Alunos de diversos cursos da Universidade Federal de Roraima (UFRR) realizaram manifestação contra a violência no Campus Paricarana, no final da tarde ontem. O movimento teve objetivo de chamar atenção da administração da instituição e da sociedade em geral para os casos de violência que vêm sendo registrados no local.

Gilmara Lima Pereira, estudante do curso de sociologia e uma das coordenadoras da manifestação, disse que os alunos não aguentam mais a insegurança dentro do campus e depois da agressão vivida pelo estudante de mestrado e funcionário da instituição Valdinei Fortunato, 32, no último dia 17, não poderiam ficar calados.

Gilmara informou que, além dos alunos de sociologia, participaram da manifestação, estudantes de letras, história, comunicação social, direito, entre outros. O movimento contou com a distribuição de panfletos contra a violência e racismo, exposição de cartazes e fechamento por alguns minutos da guarita da entrada principal da universidade.

Os alunos lembraram também de outros casos de violência vividos dentro do campus. “Temos uma aluna do curso de letras que passou por sérios constrangimentos causados por um dos guardas que prestam serviço na guarita ao ser assediada por ele, sendo usados termos constrangedores em público”, relata Gilmara.

O caso, segundo a coordenadora da manifestação, foi denunciado por escrito à direção da universidade, mas, até o momento, nenhuma medida foi tomada. “Não podemos aceitar fatos como esse. O guarda ficou chamando a aluna de gostosa e outros termos vulgares e ninguém faz nada”, questionou Gilmara.

A discriminação foi outro fator relatado na manifestação. Segundo os alunos, as pessoas que entram na UFRR a pé ou de bicicleta são sempre abordadas pelos guardas, mas quem entra de carro ou moto não precisa se identificar. “Por que essa discriminação. Parece que só quem é pobre é bandido”, expressa, indignada, a aluna de sociologia.

UFRR – O reitor da UFRR, Roberto Ramos, informou, por meio da assessoria de comunicação, que toda manifestação dentro da ordem é bem vinda, tendo em vista a universidade ser um local onde se fomenta a liberdade de expressão e luta de direitos.

Sobre a reclamação encaminhada pela aluna de Letras sobre possíveis constrangimentos causados por um guarda da vigilância da instituição, a assessoria de comunicação informou que as medidas cabíveis estão sendo tomadas, mas que a instituição necessita juntar provas para respaldar qualquer medida, mas que, mesmo assim, já teria feito uma recomendação à empresa prestadora de serviços de segurança no que tange ao comportamento dos seus funcionários.



Publicada no no Jornal FOLHA de Boa Vista no dia 23/11/2010
http://www.folhabv.com.br/Noticia_Impressa.php?id=98566



Apenas lembrando que durante o Protesto o reitor ou algum pro-reitores se amnifestou, e a nota de esclarecimento lançada pela UFRR, foi mais uma vez repetida, sem nenhuma alteração.
Alex Makuxi


sábado, 20 de novembro de 2010

Manifestação Contra o Uso da Violência dentro da Universidade Federal de Roraima

Nesta segunda feira, dia 22, Alunos professores estarão fazendo uma manifestação contra o uso da violencia dentro da Universidade Federal de Roraima- UFRR. Não queremos que estas "pessoas que se dizem segurança" fiquem impunem.
Lembrando que a Univesidade de acordo com a nota de esclarecimento publicado no seu site, está tentando abafar o caso, e muitas pessoas estão tratando o caso como "O caso do Aluno Valdinei", isso não é verdade, ele era funcionário lotado na UFRR, e não é a primeira vez que acontece abuso de poder por parte desses "guardas",é sim, a primeira vez que é denuciado , algumas pessoas PRINCIPALMENTE as que não tem transporte automotivo, tem sido barradas na guaritas, enquanto outras passam livremente.
Isso se chama PRECONCEITO, ato criminosos, fruto de racismo social.


Vamos nos Mobilizar e pedir por JUSTIÇA e SEGURANÇA !!!!!

URGENTE: POVO GUARANI KAIOWÁ DE YPO’Í PRECISA DE SUA AJUDA

O Povo Guarani Kaiowá, na região do rio Ypo’í, município de Paranhos, no Mato Grosso do Sul, pode ser despejado a qualquer momento, com toda força e aparato policial.

Em agosto deste ano, a comunidade buscou novamente retomar o território, mas desde então, tem sido vítima de ataques e vive cercada por pistoleiros fortemente armados, que impedem o acesso da comunidade a comida e à assistência à saúde por parte dos órgãos públicos competentes – Funai e Funasa. Trata-se de uma centena de pessoas mantidas numa espécie de “cativeiro privado”, ao mesmo tempo em que a Funai está realizando estudos de identificação destas terras, cumprindo sua função constitucional.

Esta situação ficou mais complicada após a decisão judicial (liminar) proferida pela Juíza Federal Lisa Taubenblatt, da 1º Vara Federal de Ponta Porã – MS, no dia 20 de outubro, que determinou a desocupação da área pelo referido povo indígena. Agravando a situação, no último dia 10, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª. Região negou provimento ao recurso (agravo de instrumento) apresentado na tentativa de derrubar a decisão de primeira instância, confirmando, portanto, a decisão de retirada dos indígenas da área.

A Funai ingressou com pedido de reconsideração junto à Juíza Convocada Eliana Marcelo, relatora do recurso (agravo de instrumento) no TRF da 3ª Região. Este novo recurso está sendo analisado pela Juíza Eliana - que está substituindo o Desembargador Nelton dos Santos - que pode decidir a respeito a qualquer hora.

Nesse momento, somente uma decisão rápida e favorável da Juíza Eliana poderá evitar mais uma retirada forçada das famílias Guarani de seu território.

Diante desse cenário, sua solidariedade é extremamente importante e urgente, no sentido de contribuir na informação e sensibilização da Juíza Eliana Marcelo em relação à história e situação vivida pelos Guarani Kaiowá da Terra Indígena Ypo’í e sobre a importância e significado da sua permanência em seu “tekohá” (terra tradicional, que é sagrada).

Histórico de violências

O Povo Guarani Kaiowá foi expulso de seu território tradicional no Mato Grosso do Sul há décadas. Na região do rio Ypo’í, no município de Paranhos, fronteira com o Paraguai, a comunidade Kaiowá foi expulsa pela ação de fazendeiros daquela região há 27 anos. Desde então, lutam incessantemente pela reconquista do espaço usurpado.

Em novembro de 2009, a comunidade Kaiowá do Ypo’í retornou ao seu “tekohá” (terra tradicional, que é sagrada). Três dias depois, foram violenta e covardemente atacados por fazendeiros e seus pistoleiros. Na ocasião, vários indígenas foram feridos a tiros e torturados. Dois professores, Genivaldo Vera e Rolindo Vera, foram levados e assassinados. O corpo de Genivaldo foi encontrado alguns dias depois com muitas marcas e ferimentos. O corpo de Rolindo, no entanto, ainda não foi localizado.

Em agosto de 2010, os Guarani voltaram a este “tekohá”, no intuito de encontrarem o corpo de Rolindo – busca abandonada tanto pela Polícia Federal como pelo governo do estado.

POR FAVOR, ESCREVA À JUIZA CONVOCADA PEDINDO QUE:

* Garanta a permanência dos indígenas Guarani Kaiowá do Ypo’í na área, a segurança da comunidade, além do acesso à comida, água, cuidados de saúde e que eles possam se deslocar livremente.

* Garanta o cumprimento pleno das obrigações das autoridades brasileiras sob a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas e a Constituição Brasileira, finalizando a demarcação de todas as terras indígenas.


ENVIE OS APELOS O QUANTO ANTES PARA:

Juíza Eliana Borges de Mello Marcelo

Email: emarcelo@trf3.jus.br

Tel/Fax: (11) 30121373

Modelo

Excelentíssima Senhora Juíza Dra. Eliane Marcelo,

Ciente da difícil situação vivida pela comunidade Guarani Kaiowá na região do rio Ypo’í, manifestamos nossa preocupação quanto ao respeito à dignidade daquelas famílias, no sentido de que sua permanência seja garantida no local em que se encontram, com toda a assistência devida pelo Estado brasileiro no que diz respeito ao atendimento à saúde e à integridade física, até a conclusão do procedimento demarcatório de suas terras tradicionais.

Solicitamos que possa V. Exa. julgar o Agravo de Instrumento 0033719-02.2010.4.03.0000/MS considerando a primazia dos direitos originários que são garantidos aos povos indígenas pela Constituição Brasileira, bem como pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e pela Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

Importante ressaltar que os estudos de identificação das terras Guarani Kaiowá, inclusive da área ora ocupada por esta comunidade, estão em curso pela Funai.

Certos de sua atenção, firmamo-nos,

Respeitosamente,

(Nome, CPF ou RG, endereço)


Maíra G. Heinen
Assessoria de Comunicação - Cimi
Tel.: 61. 21061670
Cel.: 61. 99796912
editor.porantim@cimi.org.br
skype: jornal.porantim

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Segurança sim. Violência Não !!!

Um caso de violência, no ultimo sabado dentro do Campus do paricarana da Univerisdade Federal de Roraima, deixou muitos alunos, funcionários e pessoas da Univervesidade e de outras instituições Indignado.
Podemos até dizer que isso foi fruto de preconceito. De pessoas que não sabem lhe dar com armas e que mesmo assim são chamados de Segurança. Talvez em uma tentativa de abafar o caso, a Universidade Federal de Roraima-UFRR, lançou uma matéria no seu site, intitulada "Nota de esclarecimento – Sobre procedimento de abordagem e identificação nas guaritas" no link: http://www.ufrr.br/noticias/coordenadoria-de-imprensa/nota-de-esclarecimento--sobre-procedimento-de-abordagem-e-identificacao-nas-guaritas , na qual utiliza uma foto de uma outra guarita e não a que estava o "guarda" agressor. E segundo a mesma o estudante caiu da bicicleta, chegando a ter ferimentos, mas mesmo assim precisou ser imobilizado.O que não se passa de uma tentativa de tirar da UFRR de não pensar em um mobilização e protestar contra esses agressores, que não apenas sejam expulsos da universidade, mas que possam responder pelos atos criminosos, fruto de preconceito e racismo, racismo social.
Abaixo segue também um relato do Próprio Acadêmico e que também é funcionário do NECAR-UFRR,
Que para saberem, ele estava sim com a identificação no uniforme em que estava usando.
Segue também as fotos do Acadêmico depois de agredido.



Neste sábado dia 13/11/10 as 15:20 sofri agressão física dos guardas da entrada da UFRR pela av: Venezuela.
Sou Estudante da universidade desde 2001 quando entrei na graduação em Ciências Sociais, fiz Especialização e estou terminando o Mestrado em Economia nessa mesma Universidade. Além disso sou funcionário da UFRR desde o começo de 2009 cedido pela prefeitura de Boa Vista. Passo nesse mesmo portão de entrada pelo menos 4 vezes por dia.
Já fui abordado diversas vezes pelos guardas em outras ocasiões. Todas as vezes sempre os CARROS ou MOTOS que estão à minha frente passam sem ser solicitado identificação, Mais quando eu vou passar, me param.
Percebí que o motivo das abordagens diárias era porque sempre entrava na UFRR numa BICICLETA VELHA ano 1982. Quando entrava de carro sempre passei despercebido.
Neste sábado, aconteceu a mesma coisa. Um motociclista passa pelos guardas 5 metros na minha Frente. ELA PASSA, e a mim pedem para parar. Decidí que não ia parar pois estavam tratando as pessoas com diferença e falei pro guarda passando de bicicleta que não ia parar, e porque ele não pediu identificação do motociclista que passou no mesmo momento que eu.
Continuei meu trajeto em direção ao NECAR/UFRR onde ia trabalhar. 30 metros depois um dos guardas pegou a motocicleta e partiu para cima de mim. Eu parei e disse que ia trabalhar. Ele me derubou da bicicleta e me agrediu covardemente com um cacetete ferindo minha boca e quebrando vários dos meus dentes, enquanto o outro guarda vinha com arma em punho apontado para mim que estava caído sendo agredido pelo outro. Não me agrediram mais, ou atiraram em mim porque as pessoas que passavam interviram ao ver o absurdo.
Fui ARRASTADO ATÉ A GUARITA SENDO AGREDIDO dessa vez por palavrões e insultos pois os mesmos diziam que eu não ia entrar e era pra aprender a respeitar cara de homem. Mais eles eram mais homens do que eu porque estavam com uma arma? Depois que chegou meus colegas do NECAR e outros professores no local da agressão, os guardas disseram que tentaram me imobilizar, que não me conheciam e que não me identifiquei. Mais veja só. Eu estava fardado com a camiseta do NECAR/UFRR bem grande estampado no meu peito e em horário de aula. O motociclista que passou de capacete e sem nenhuma identificação eles disseram que era estudante. Como eles sabem quem é e quem não é estudante nessa UFRR? Precisam me conhecer para que eu possa entrar no meu local de trabalho e na universidade que estudo a tanto tempo?
.
Passem para seus contatos, para que isso não volte a acontecer, numa universidade pública e em nenhum outro lugar. Para que o direito de ir e vir dos servidores alunos e comunidade não seja cerceado nessa UNIVERSIDADE QUE É PÚBLICA.
Um abraço
Valdinei fortunato portela

Amigos, não podemos deixar que isso possa acontecer em uma Universidade Pública, em pleno dia letivo.


Alex Makuxi

alex.makuxi@gmail.com



sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Carta Aberta aos ilustres senadores Acir e Mozarildo de Rondônia e Roraima respectivamente:

O Brasil já é o “fundo do quintal do mundo” (não precisa querer ser transformado em tal, como senador Acir se expressou). Ihumanossto, porém, em temos de mediocridade e hipocrisia dos representantes
“eleitos” por um povo transsecularmente mantido em profunda ignorância e deculturação dirigida e que, portanto, vende seu voto àqueles que mais cedo ou mais tarde tornarão caso de Polícia Federal e/ou Justiça (pós-Gilmar-Mendes).

Seu discurso infamemente anti-ambientalista e toscamente chauvinista de ontem (dia 11 de novembro de 2010), caro senador Acir (e seus acrescimentos tão falsos – em termos científicos quanto éticos – como pérfidos, caro senador Mozarildo) compõem apenas mais uma obra desse coquetel evidentemente inesgotável de mediocridade e hipocrisia da parte da senhoria da Casa Grande do Brasil (contemporâneo).

Num ponto, porem, concordo, achei honestidade e sinceridade na sua leitura. Precisamente na sua preocupação diante a possibilidade de um governo de Nações Unidas da Terra (que meus filhos, se a Terra até então ainda fosse habitável, provavelmente conquistarão). E que já consta até uma exigência oficial, por exemplo, dos jovens do Partido Verde da Alemanha.

Já que num governo global figuras neo-feudais e multiplamente nocivas para humanidade e planeta Gaia como os senhores só teriam vez como folclóricos bobos de Zimbábue e Brasil daquela era (atual nossa) quando nestas regiões terrestres ainda houve governos maquiavélicos que mantinham seus povos na mais profunda armadilha da ignorância e manipulação fácil.

O (pelos senhores) sempre chamado ídolo Crescimento realmente é necessário. Mas só e Exclusivamente em termos educativos, informativos e emancipatórios dos povos. Para que possam eleger de fato e, consequentemente, livrar via as urnas (e ruas, se for necessário, vejam Paris, vejam Londres, lembram Copenhague, lembram Brasília) o país Terra dos defensores e lucradores da exploração-destruição global corrente. Como aqui no feudo Brasil os dois senhores (e tantos outros ilustres tragicômicos neste Senado). Como as donas Kátia Abreu e Serys. Como a dona Dilma. Como o neo-senador e mega-destruidor Maggi e o ex-ministro da ridicularia atômica Lobão (...) e toda Companhia Ruralista e/ou Serrista e/ou Lulista. E como todos os ingênuos ventríloquos que não parem de ruminar tal casamento dos antagonistas sustentabilidade e crescimento (que é impossível) e que defendem, portanto, a via da morte a qualquer custo dos outros.

Se querem aprender (o que não querem, eu sei), descem dos seus torres de marfim e aprendem com o que resta dos Povos Originais daquelas terras roubadas que os senhores continuam ocupando (e detonando). Aquela gente que querem catequizar (senão exterminar) com sua sabedoria e moral mortais. Que, porem, sabiam viver bem=feliz nestas terras durante milênios sem destruir nada. E sem a sua tecnologia e sua religião do Mais que beneficiam (materialmente) uns poucos e
trazem miséria para muitos. Em breve temos um bilhão de seres humanos fomentos. Graças ao seu modelo econômico-destruidor!

Se o Claude Lévi-Strauss ainda estaria com a gente enviaria seu(s) discurso(s) descarado(s) para ele (também) responder. Seguramente ele, também, um perigoso agente da conspiração gringa(-judéia) contra (seu) Brasil (escravocrata) e os (seus) interesses feudais (particulares). O Edgar Morin, outro gringo judeu conjurado certamente, até já tomou posição diante este enganador mantra de crescimento e progresso chauvinistas. É apenas acessar no internet seu pensamento “Se eu fosse candidato” do ano 2007.

Sinto é profundo nojo dos senhores. Sinto, através de sujeitos como os senhores, o futuro dos meus filhos (e netos) gravemente ameaçado. (E não gosto nada disso!) Mas ainda aposto na força da verdade e do senso comum. Mataram o Chico Mendes que foi um bom representante dessas qualidades. Mas não adiantou. A Vandana Shiva, por exemplo, hoje as representa com sucesso. Globalmente. O tempo dos senhores já está acabando.

Sem mais, sem abraço e sem cordialidade,
Christian Ardaga Widor
Etnólogo e Pedagogo
Piatã, Bahia

NEM IN-DIOS E NEM DEUS

Minha gente, como todos viram claramente, nenhum dos dois candidatos, nem a eleita em seu pronunciamento antes e após a vitória, em momento algum falou a palavra “DEUS” ou “INDIOS”.

Nem tampouco utilizou o rosto de qualquer parente indígena durante as campanhas, onde Lula, quem elegeu Dilma, caiu fora quando disse que não vai interferir em suas decisões. É ridículo ver nossas lideranças fazendo valer o velho ditado que diz que quando não podemos com nosso inimigo o melhor é mesmo unir-se á eles, e ficam discutindo, ou celebrando a vitoria dos não indígenas que se mantém no poder, e pouco fez por nós.

Vejo que o calor da campanha e as agressões entre os parentes indígenas não se encerraram, mesmo após a eleição, e mesmo ouvindo em tom positivo, de fé e esperança que TEMOS QUE NOS UNIR, E INDIO TEM QUE CONFIAR EM IN-DIOS SE QUIZERMOS AVANÇAR. Certíssimo!

Mas estamos longe desta realidade, hoje tão vitoriosa entre os negros, o MST e os gays, que sua força veio da união, formula infalível para se discutir política publica e governo. É importante lembrar que quando eles descobriram que 70 milhões de brasileiros acessam a internet, se apoderaram desta ferramenta e colherem assinaturas, válidas por e-mails, de pessoas de dentro e de fora do seu movimento que aderiam à causa.

Na minha humilde e simples opinião, é fácil ver que a forma como os não indígenas transformaram e deixaram este mundo, ficou impossível de nós indígenas vivermos aos moldes da nossa cultura indígena primitiva e tradicional. Eles criaram um mundo onde tudo é igual: a mentira e a verdade, o verdadeiro e o falso, o feio e o bonito, o assaltante e o assaltado, a vítima e o delinqüente e até a estuprada e o estuprador. Vimos e ainda vemos claramente as verdades em suas mentiras e as mentiras em suas verdades dentro e fora das campanhas políticas, quando mudam os discursos para obterem mais votos.

Mas é por isto que eu venho aqui pedir um pouquinho de sua preciosa atenção para dizer que, se olharmos este modelo de novo mundo, que existe fora da nossa cultura indígena, sentimos e creditamos que o projeto de vida mais seguro e eficaz para este mundo deles, e até mesmo para o nosso mundo indígena, foi o anunciado através das palavras e ações de Jesus Cristo, que como nós também nasceu em uma oca, ou manjedoura de chão de terra batida, entre bichos, era nômade, sem endereço, vivente das Aldeias de Samaria, seus inimigos, e de seus amigos da Aldeia de Cesaréia, era da Tribo de Judá. Então Jesus Cristo é nosso Parente!!

O mundo ensinado por Ele era o do ser para ter e não ter para ser. Este projeto divino se adapta a todas as culturas justas, familiares, sociais e desprendidas de riquezas, não se esgota em nenhum regime de governo e vimos que ele não se reduz apenas a uma melhor organização social e política da sociedade, mas adéqua e contempla a preservação da vida humilde e sem guerras, mas isto quando praticado.

Entendo que é este projeto de reino moral, social, sem egoísmo e sem preconceito, que tanto sonhamos e até declaramos quando oramos “venha o teu reino”. Diante de tantas injustiças e preconceitos com os povos indígenas ao longo destes anos, nós ainda cremos que um dia, quem sabe este reino virá, não apenas de forma espiritualista e restrito aos corações, mas, principalmente na transformação das estruturas sociais e políticas do Brasil e deste mundo; porque, da forma em que vive este mundo, acredito que, se não nos unirmos, em duas ou três gerações já não existirá mais os povos indígenas, que á 510 anos atrás éramos seis milhões, ou mais, e hoje estamos reduzidos á menos de 10% por falta de políticas publicas e direitos não praticados.




Cacique Robison Minguel
NOVA CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Violência Estatal Contra os Povos Indígenas

Na madrugada de sexta-feira, dia 29 de outubro de 2010, a Ocupação Indígena do Museu do Índio do Maracanã, instalada na primeira sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI, embrião da atual Funai) e articulada em 28 etnias organizadas no Instituto Tamoio dos Povos Originários, acordou isolada da cidade do Rio de Janeiro. O poder público, a serviço da Odebrecht Brasil SA, da Delta Construções SA e da Construtora Andrade Gutierrez SA, vencedoras da licitação para as “obras de reforma e adequação do Complexo do Maracanã" (orçadas em R$ 705.589.143,72, com 900 dias de prazo de vigência), ergueu um Muro da Vergonha - semelhante à muralha erguida pelo governo George Bush na fronteira com o México para neutralizar a imigração - separando a rua Mata Machado e os indígenas do Movimento Tamoio, residentes na Ocupação Indígena, do resto da sociedade carioca e nacional.

Seguranças da empresa terceirizada do Estádio Mário Filho impedem que os indígenas e apoiadores usem a entrada que dá acesso para a avenida Maracanã, fechada por um portão (lacrado durante à noite); um buraco foi criminosamente aberto no muro externo do terreno, Patrimônio Indígena, por ordens do engenheiro Marcos (provavelmente Marcos Vidigal do Amaral, contratado da Odebrecht Brasil SA), dando saída para a perigosa e intransitável Radial Oeste - obrigando os indígenas a darem uma volta no entorno do terreno, perigoso, pois desabitado, para irem em direção de São Francisco Xavier, onde há comércio, ou em direção do ponto de ônibus em frente ao CEFET, para poder pegar ônibus para o Centro e outros bairros.

O Cerco à Ocupação do Movimento Tamoio, às vésperas das eleições presidenciais, demonstra que o Governo Federal, amparado pelo monstro conhecido como “opinião pública”, pouco ou nada se importa com as minorias étnicas do país, o que não é de se estranhar - não tendo nenhum dos candidatos à presidência da República mencionado a situação dos Povos Originários Brasileiros nos debates, talvez encorajados pelo fraco desempenho dos candidatos indígenas nas Eleições 2010. O Governo Federal, ao longo do ano de 2010, organizou cinco mega-operações policiais e brutais contra indígenas defronte ao Congresso Nacional, cometendo ações de Terrorismo de Estado contra crianças, gestantes e idosos indígenas, sem que a mídia corporativa se dignasse a reportar. Portanto, o Governo pensa que “ninguém está vendo” (e, “se estão vendo, pouco estão se importando”).



Publicado na Midia Independente

Cinep lança livro “Olhares Indígenas Contemporâneos”

O Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep) lança o livro Olhares Indígenas Contemporâneos, uma coletânea que reúne seis artigos de autores indígenas produzidos a partir de teses de doutorado e dissertações de mestrado, defendidas entre 2008 e 2010, e de uma pesquisa sobre o perfil dos estudantes universitários indígenas no Brasil.

Rita Gomes do Nascimento, da etnia Potiguara, abre o volume com o artigo “Performances e experiências de etnicidade: práticas pedagógicas Tapeba”, em que discorre sobre as razões da proeminência dos professores indígenas como mediadores políticos e representantes das comunidades indígenas junto à sociedade envolvente.

Edilson Martins Melgueira, da etnia Baniwa, investiga os classificadores nominais da língua baníwa, do rio Içana, buscando discutir conjuntamente léxico, morfossintaxe e contexto discursivo, bem como refletir a maneira Aruák Baníwa de ver, sentir e organizar os elementos que constituem seu universo.

Florêncio Almeida Vaz Filho, do povo Maytapu, faz uma etnografia dos processos de mobilização étnica envolvendo cerca de 40 comunidades na região do baixo rio Tapajós, na Amazônia, que passaram a se identificar publicamente como indígenas no final da década de 1990.

Vilmar Martins Moura Guarany, indígena Guarani, realiza uma análise sobre a relação das áreas de meio ambiente e de direitos indígenas. Para isso, faz uma descrição dos principais instrumentos e acordos internacionais relacionados à definição do conceito de “desenvolvimento sustentável”.

Rosani de Fátima Fernandes, da etnia Kaingang, trata dos processos de resistência e luta pela sobrevivência dos Gavião Kyikatejê, desde sua transferência do atual estado do Maranhão até a constituição da reserva Mãe Maria, no Pará, abordando a recuperação da sua autonomia, em 2000, em relação aos Parkatejê.

O artigo final, assinado pelo Cinep, apresenta o perfil do estudante indígena na universidade, montado a partir de uma pesquisa realizada pela instituição com 481 acadêmicos indígenas, dentro de um universo estimado hoje de 6.000 estudantes indígenas matriculados no ensino superior em todo o Brasil.

Mesmo com uma presença crescente de indígenas no ensino superior, as teses e dissertações produzidas por estes estudantes não têm recebido apoio para divulgação e publicação. Muitas são as razões para este anonimato, uma das quais é a forte concorrência das produções não indígenas sobre a temática indígena, imperando no imaginário brasileiro a visão de que são os estudiosos brancos que possuem os conhecimentos e as verdades sobre os povos indígenas.

É com o propósito de dar um primeiro passo para mudar este cenário, que o Cinep lança a coletânea Olhares Indígenas Contemporâneos que constitui o primeiro volume da Série Saberes Indígenas, na qual pretende oferecer aos estudantes, pesquisadores e profissionais indígenas um canal de divulgação dos resultados de seus estudos e pesquisas, além de propiciar uma oportunidade aos estudiosos e à opinião pública brasileira de conhecer um pouco mais do mundo e da realidade indígena a partir do olhar e do pensamento dos indígenas.

O Cinep

Fundado em 2005, o Centro Indígena de Estudos e Pesquisas (Cinep) é uma associação civil, sem fins lucrativos, com sede em Brasília – DF. A entidade foi criada para promover, apoiar e executar atividades de formação e qualificação direcionadas a profissionais, lideranças e universitários indígenas das diferentes regiões do país com o objetivo de qualificar e orientar a formação política e acadêmica para a luta dos povos indígenas do Brasil. Também faz parte do Cinep o Observatório de Direitos Indígenas (Odin), que possui suas atividades coordenadas por um advogado indígena.

Serviço:

Cada exemplar do livro Olhares Indígenas Contemporâneos custa R$30,00 à venda na sede do Cinep, em Brasília: SRTVS – Centro Empresarial Assis Chateaubriand – Quadra 701 – Conjunto 01 – Bloco 01 – nº38 – Sobreloja – Salas 25/26.

Pedidos podem ser feitos pelo email jo@cinep.org.br ou pelo telefone (61) 3225.4349, tratar com Jô Oliveira.






Publicado na rede indios on line por: Irembé Potiguara.

http://www.indiosonline.org.br/novo/cinep-lanca-livro-%E2%80%9Colhares-indigenas-contemporaneos%E2%80%9D/

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

UM OLHAR DIFERENTE,MAS UM OLHAR DE ÍNDIO !


Foto: Alex makuxi
Pajé Wapichana, durante a defumação do Seminário de Educação Superior Indígena na Universidade Federal de Roraima- UFRR

Na “história” do Brasil, temos quinhentos e poucos anos de “descobrimento”. Na História do Povo Indígena, temos a mesma quantidade de anos,mas diferente da história do “branco” esses anos nos vem acompanhado de muita dor e sofrimento.

Sou macuxi, e hoje moro na cidade, por isso o título um olhar diferente, que quer dizer um olhar de fora da aldeia, mas um olhar de índio, um olhar de quem um dia sonha ver seu povo tranqüilo e na paz.

Como já citei em uma matéria anterior (Eu invasor ? ou minha terra por direito), que até hoje nós povos indígenas enfrentamos a luta pela retomada de nossas Terras, onde muitas das vezes somos taxados de bárbaros, violentos, invasores de terra etc. Agora eu quero falar de uma outra luta que hoje a maioria dos povos indígenas vem enfrentando: aluta pela permanência da tradição cultural.

Há três anos eu vim para cidade para fazer minha graduação, e, escolhi entra no curso de história da Universidade federal de Roraima, pelo fato de ver o povo indígena ausente, nos livros que eram trabalhados nas salas de aulas, inclusive nas salas de aulas das comunidades indígenas. De acordo com essa história o branco sempre vivia em paz com os povos indígenas. E isso não e verdade (não generalizando, pois tem pessoas brancas que tem um coração limpo de maldades e são amigos) Desde que nossas terras foram invadidas, nós fomos proibidos de falar nossas próprias línguas, de dançar nossa parichara, de tomar o nosso caxiri, e de muitas outras coisas que é de nossa cultura.

Tudo o que aconteceu em nossas vidas e em nossas aldeias de mal é culpa do invasor. Hoje as comunidades não falam mais o Macuxi, o Taurepang, o Ingaricó, o Patamona, por que foram “PROIBIDOS” essa é a palavra. Conta um ancião macuxi que estudou em uma missão católica “ Nós éramos proibidos de falar nossa língua, tínhamos que falar a língua do branco. Se falássemos a nossa língua deixavam a gente de castigo. Nós éramos maltratados, eles colocavam a gente pra carregar madeira forçados, batiam nas crianças menores e muitas das vezes deixavam a gente sem comida”.

Nas comunidades o Fazendeiro, com uso de suas forças bélicas mandava em qualquer um e se desobedece “metiam a bala num índio”. Nas comunidades antes de o Fazendeiro chegar só se dançava o Tukui, o Parichara e o Areruia . Mas o “branco” não gostava das nossas danças e eles então mandavam parar e levavam um sanfoneiro e dizia que as índias tinham que dançar até quando eles quisessem se não “ia bala”. Com isso as comunidades forma deixando de dançar o que era tradicional e por força dançar outro tipo de dança.

Muitos parentes morreram pelo branco, eles tinham armas que matava mais que nossas flechas, aliás, nossas flechas eram pra matar as caças e não gente como eles faziam.

Outro que eu também queria falar era sobre o nosso gostoso caxiri. Bebida feita de mandioca, ou de outras raízes e frutas. Era bebida em dia de festa ou quando as comunidades se uniam para fazer um determinado trabalho(isso antes do invasor chegar). Mais uma vez tenho a tristeza de novo inserir o nome do “FAZENDEIRO”, eles forçavam os índios a trabalhar em suas fazendas, cuidando de seus animais ou fazendo outro serviço, e isso impedias de os parentes se organizassem para fazer seus trabalhos comunitários. Isso ia enfraquecendo o laço familiar na comunidade. O branco trouxe para suas fazendas a Cachaça , e dava para os índios que trabalhavam lá fazendo eles ficarem doentes. Doentes e viciados naquilo. Ai o branco também levava para as comunidades quando ele forçava nosso povo a fazer festa. Com o tempo muito de nossos parentes ficaram ligados àquele produto diabólico, a comunidade começou a se desestruturar. As mulheres não faziam mais o caxiri, o aluá, o mocororó, que eram do nosso povo mesmo. Fazer pra que? Os homens de nossas comunidades estavam bêbados da cachaça do branco. E assim por muito tempo nossos parentes ficaram dominados pelos “brancos”.

Esse tempo em que estive ausente de minha comunidade me fez ver como isso reflete até hoje em nossas comunidades. Tudo o que era nosso passou a ser visto como exótico, mesmo que isso representa ainda um valor muito alto para nós povos indígenas. A parti de 1970, quando começou o movimento indígena pela luta por Nossa Terra, também as lideranças tomaram várias atitudes contra o modo de vida do Branco. Começou a surgir a nossa primeira organização: o Conselho Indígena do Território de Roraima – CINTER. A parti desse momento foi tomadas várias outras atitudes como, por exemplo, o “ Vai o Racha” que foi um movimento contra a entrada de bebidas alcoólicas nas Comunidades, a “Barreira do Machado” que foi um outro movimento contra a entrada de materiais para garimpo na Comunidade do Machado, na Raposa Serra do Sol e tivemos muitas outras atitudes. Vale citar também que começava a ter as primeiras Assembléias de Tuxauas. Depois surgiu a organização dos Professores – OPIRR, na luta pela nossa educação como exemplo, “ que escola temos, que escola queremos” que foi para colocar nossos próprios professores nas escolas indígenas. Muitos outros movimentos sugiram com nossa organização.

O que se percebe hoje que assim como lutamos pela retomada de nossa Terra, também estamos lutando para manter nossas danças, nossas bebidas, nosso modo de vida, nossa língua. Que foi tudo tomado e acabado pelo “ Branco”. E fazer isso hoje é bem diferente do que fazer a retomada de nossa terra. Por que embora nossa Terra tivesse em mão do fazendeiro, mas estava aqui, não tinha como ele levar; Mas nossa língua? Essa sim foi embora com as pessoas mais velhas que sabiam falar, hoje há poucas pessoas que sabem falar por isso temos uma crise em colocar nossas línguas em nossas escolas,pela falta de professor. A nossa dança só faz coma ajuda de pessoas bem idosas, as nossas bebidas quase não é mais feitas.

Agora a nossa luta ainda é maior que antes: Resgatar nossa Língua, Nossas danças, Nosso modo de vida, nossas bebidas, enfim tudo o que era nosso.


Obs.: Essa matéria é feita baseada nas comunidades da Região do Surumu, na Raposa Serra do Sol. Mas que pode ser uma reflexão estendidas a outras Regiões da Raposa Serra do Sol e de outras Terras Indígenas de Roraima e do Brasil.


Todos nós Somos um Só: O POVO INDÍGENA


Alex Makuxi.
alex.makuxi@gmail.com

Um olhar indígena sobre os Povos Indígenas de Roraima


Fotos: Alex makuxi
Macuxi observando o seu grupo se organizando para começar a dança do parichara(Seminário de Educação Superior Indígena - UFRR)

Fotos: Alex Makuxi
Macuxis da Região Surumu, durante uma apresentação no Seminário de Educação Superior Indígena na Universidade Federal de Roraima-UFRR





sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA E IV SEMINÁRIO DE FORMAÇÃO SUPERIOR INDÍGENA EM RORAIMA

Nos dias 25 a 27 deste mês a Universidade Federal de Roraima, por meio do Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena esteve Promovenvo o Seminário Nacional de Educação Superior Indígena e o XV Seminário Estadual de Formação Superior Indígena de Roraima. Contou com aproximadamente 500 pessoas de diversas instituições de Ensino, lideranças, acadêmicos e profissionais indígenas . O tema do seminário foi : “Consolidando uma política nacional de educação superior indígena” . Entre as pessoas que estavam presentes, tivemos André Luiz de Figueredo Lázaro da SECAD/MEC , Maria Helena de Souza Fialho da FUNAI, Rita Gomes Potiguara da UECE/CNE, Francisca Novantino “Chiquinha Pareci” da CNPI/CEEEI/MT, Gersém Baniwa e mais alunos de Diversas Instituições.

Entre as discursões do Seminário vale citar : Diretrizes da Licenciatura Intercultural, Formação Superior em Gestão Territorial Indígena, Ações Afirmativas e o Acesso de Indígenas no Ensino Superior , Responsabilidades Institucionais de Financiamento, Novas demandas de Cursos Superiores para Indígenas e Demandas Indígenas para Pós Graduação.

O seminário teve aconteceu no prédio do Programa de pós graduações em Recursos Naturais-PRONAT-UFRR, e teve o encerramento na Comunidade Indígena Taba Lascada a 30 quilometros de Boa Vista. No encerramento tivemos dança, comidas, e bebidas tradicionais.




Alex Makuxi

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

XVII ASSEMBLÉIA GERAL DA OPIRR

A Organização dos Professores Indígenas de Roraima-OPIRR, está esse ano completando os 17 anos de sua existência, e a mesma está coma a data e o lugar da assembléia marcados. Acontecerá na Comunidade Indígena Canauanin, na Região Serra da Lua, nos dia 25 a 29 deste mês. Contará com a participação de Professores, alunos, tuxauas, lideranças e agentes de saúde das onze regiões.

A Organização traz como o tema do ano “Construindo Politicas de Fortalecimento educacionais escolar indígena em Roraima”.

As assembléias acontece todos os anos, e conta com aproximadamente de 800 a 1000 indígenas dos diversos povos indígenas de Roraima, e muitas das vezes com parentes de outros Estados. O Atual coordenador é o Professor Enilton André, da Comunidade do Truaru, que foi eleito na ultima Assembléia da Organização na Comunidade Indígena Boca da Mata.

Nesta Assembléia contaremos com a Presenças dos parentes que estão se candidatando, uma vez que os mesmos foram indicados em assembléia pelos Povos Indígenas.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

ABIN DIZ QUE:” Índios querem Estado independente em Roraima”

De acordo com uma matéria publicada pela Folha de Boa Vista (http://www.folhabv.com.br/noticia.php?id=91299#),de autoria de Mateus Leitão Leonardo Souza, a Agencia Brasileira de Inteligencia- ABIN, revelou preocupação com a criação de um Estado indígena independente em Roraima, “com apoio de governos estrangeiros e ONGs”.
Que segundo a Folha de Boa Vista, a Folha de São Paulo teria tido acesso a esse documento, que teria sido enviado pelo serviço secreto ao GSI ( Gabinete de segurança Institucional) nesse ano. No qual, segundo o texto enviado, dizia os povos indígenas do Estado teriam o desejo de “autonomia política, administrativa e judiciária”.
E segundo a Folha de Boa Vista, a ABIN acredita que possa existir milicias armadas “Revólveres e espingardas foram encontrados e teriam sido contrabandeadas da Venezuela e da Guiana.”

Agora, vem meu questionamentos quanto Indígena, se existe essa possibilidade afirmada pela ABIN, qual o Papel do Exército dentro das Terras Indigenas, que aqui em Roraima, Temos a Terra Indígena São Marcos, dentro dela está um Pelotão especial de Fronteira, Na Raposa Serra do Sol, tem um outro Pelotão de Especial de Fronteira , Da Terra Indígena Yanomami, também . Então algum destes orgãos tem falhado no seu Papel. Se ha contrabando de armas, não tem uma instituição para com isso ???
Eu como indígena desconheço tal afirmação, assim como foi Colocado pelo Conseho Indigena de Roraima-CIR, Buscamos sim, nossa autonomia. Mas não da forma como foi colocado.

terça-feira, 30 de março de 2010

História das lutas Makuxis contada por makuxi.

Nós do povo makuxi,somos habitantes de fronteira do estado de Roraima.Um dos grandes problemas que enfrentamos em nossas Terras é a invasão do não-indios.Na Raposa Serra do Sol,a maior Luta foi com os pecuaristas e riziculores que estavam dentro da nossa terra,No ano passado conseguimos fazer a grande retomada,hoje ainda tem não indios,dentro de algumas aldeias,estes por sua vez são casados com as indias deste povo.Em alguns casos desses não indgenas que vivem dentros das aldeias,foi que eles iriam aceitar a viver e conviver de acordo com a nossa aldea.Em outros casos esses mesmo vem causando grandes problemas.

Ao conseguimos a conquista da Raposa Serra do Sol,ganhamos uma luta,mas não ganhamos a guerra…ainda.Aqui no estado de Roraima ainda temos terras indigenas para serem demarcadas como é o caso da Terra Indigena Anaro e a Aldeia/Comunidade Lago da praia.No caso do Anaro, dentro da área desta aldeia existia 14 fazendas,destas 06 já receberam idenização e sairam de lá.Das fazendas que ainda não receberam indenização,uma delas onde está o rebanho de gado do arrozeiro Paulo César Quartiero, que já foi retirado da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.No caso da aldeia/comunidade Lago da Praia o pedido para a ampliação dela causou um como sempre um descontentamento para a população não indigena.No ano passado o Tribunal Federal Fedearl da primeira região,em Brasilia concedeu uma liminar determinando que os indios daquela comunidade são os donos daquela Terra. A liminar determina que a área de 3.280 hectares seja reintegrada aos índios.E Até esta data a Funai não cumpriu a determinação judicial,e neste ano uma milícia armada conduzia o estado de terror na região, usando técnicas de guerrilha. Destruir a infra-estrutura de comunicação, as escolas e os postos de saúde são ações para promover a desestabilização e ocupação de terras. Um ato de guerra declarado em plena terra indígena e autorizado pela omissão do Estado. Apesar dos ataques, ninguém foi preso pelas polícias Civil e Militar. A denúncia foi encaminhada à Polícia Federal, mas quem acabou detido foi o indígena Juliano Pereira da Silva, uma das vítimas das agressões.

Alguns moradores da comunidade fugiram para Boa Vista. Os que ficaram não conseguem dormir à noite com medo de novos ataques e de ter suas casas incendiadas. Apesar da situação insustentável, nada foi feito.

E agora ???Nós makuxis,somos deste Estado,Donos há anos destas Terras,Somos Taxados de “INVASORES”de Terra,Mas Afinal,quem invadiu ??? Quem morava nesta Terra antes da Invasão do Brasil e de Nossas Terras.Isso Sim Foi Invasão !!!

Alex makuxi

Publicado na rede indios on line no dia 16 de março de 2010

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A Luta Contra A Entrada de Bebidas Alcólicas nas Comunidades

Uma das mais incansaveis lutas dos Povos Indigenas de Roraima é contra a entrada de bebidas alcólicas nas comunidades/aldeias.Esse mal que cerca nossas comunidades/aldeias há anos nunca foi acabado e muito menos solucionados. Por mais que as organizações indigenas daqui tentem soluciona-lo,é um vicio que não é só dos indios.Dentro da Raposa Serra do Sol Ainda ficou os Municipios do UIramutã e Normandia e Na T.I São marcos,tem o municipio de Pacaraima,e este ultmamente tem sido uma pedra no nosso sapato.

Desde que nossas Terras Foram invadidas pelo dito”CIVILIZADO”,o povo indigena vem sofrendo muito:Na Raposa Serra do Sol há casos de indigenas que foram mortos pelo homem branco por causa da dita”Cachaça”,e mortos até mesmo por outros parentes pelo mesmo mau, Nossas organizações:CIR,OMIR.OPIR e outras muto tem lutado para solucionar este problema,Em abrl de 1977,reunidos na comunidade Indigena Maturuca as lideranças decidiram dizer “Não a Bebida Alcólica e Sim a COMUNIDADE”.Que Ficou conhecida como “Ou Vai Ou Racha”Decisão:Vai Ou Racha de Abrl de 1977

E hoje também a organização da mulheres indigenas de roraima-OMIR,Ainda travam essa luta,Mas assim como falam nossas lideranças esse mal não pode ser acabado,mas temos com soluciona-lo : Com a retiradas dos Municipios e Vilas de Dentro da Nossa Terra.


Alex Makuxi
Publicado na rede indios on line em 17 de março de 2010
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quinta-feira, 25 de março de 2010

Uma Breve Apresentação minha !!!

Eu,me Chamo Alex Barbosa dos Santos,ou melhor "Alex Makuxi", pelo nome do meu povo "Macuxi".Sou da Terra Indigena Raposa Serra do Sol,minha Comuidade/Aldeia se chama São Jorge,no passado ela se chamou meremere'pai,Que em na lingua de meu povo que dizer Arco Irís.
Minha vida é marcada pela luta do povos indigenas,daqui do estado de Roraima,Nasci na minha Comunidade/aldeia , e morei nela até os três anos de idade,quando minha familia resolveu(detalhe: esse "resolveu",não é de modo pacifico)mudar-se de lá.No mesmo ano em que o Rizicultor Paulo Cezar Quartieiro.Tomou posse de uma fazenda que ficava ao lado de minha comunidade/aldeia, e garanto a vocês que chegou de forma pacifica,mas não ficou assim por muito tempo:e nego aqui que como indigena,o meu povo "NUNCA" conviveu de forma pacifica com os invasores de nossas terras(Ah,eu ia esquecendo a fazenda a qual ele tomou posse pertencia a minha comunidade/aldeia)essa foi mais uma das muitas mentiras que a midia e politicos e outras pessoas que não conhecem nem nunca conheceram os povos indigenas.
Morei oito ano em uma vila,aqui mesmo no estado, mas em um outro municipio.Estudei,e me revoltei com a forma de como os livros didáticos mostram os povos indigenas.Dê uma forma irônica,não muito diferente da forma de como os europeus(Invasores de Nossa terras)retratavam a gente.Depois desses oitos anos,retornei a minha comunidade/aldeia,com um único pensamento:Lutar pelo Meu Povo !!!
No ano em que voltei,a questão da demarcação e homologação da Raposa serra do Sol estava a tóna,a todo vapor.Me infiltrei nesse movimento de uma forma determinada,lembro-me o slogam dos militantes do Movimento:Makunaimî Vivo até o Ultimo Indio.
Quando retornei,começei a estudar na comunidade/aldeia Barro, e como era perto da Antiga vila do Surumu,porta de entrada para a Raposa.Era o lugar dos movimentos tanto dos pós como dos contra.Lembro que eu tinha um Professor,um bom profesor de matemática,e,ele era contra a homologação em area continua,e as vezes,dentro de sala ele falava de forma como se fosse verdade que, os "Americanos" iam tomar nossa terra,e eu não deixava isso passar em branco frente aos alunos de minha turma.E de vez enquanto sempre discutiamos dentro de sala,sei que depois de um tempo ele se preocupava tanto com a politica contrária a raposa Serra do Sol, que acabava esquecendo que era professor,e ai ele foi tendo uma recaida e final não era mais um bom professor.
Em 2007,terminei o ensino Médio e Fiz vestibular da Universidade federal de Roraima,passei e no ano seguinte vim morar em Boa Vista.Na cidade a história era bem diferente do real,a mídia junto com a maioria dos deputados...aliás com os politicos,criticavam a raposa Serra do sol de Uma forma como se eles sempre morassem na Raposa e se vonhecessem a realidade.O imaginário tomava conta das cabeças das pessoas que se deixavam formar opinião por meio da TV.No meu curso(história)não se falava outra coisas.O assunto era Sepre o mesmo"Raposa Serra do SOL".Meus amigos a maioria acreditava na Tv,foi ai que eu pedir um tempo de um professor,para debater o assunto,o professor não só cedeu o tempo,como também participou da discursão.Falei pra ele da violencia cometida pelos rizicultores à meu povo,do sofrimento e da história do povo.Então eles passaram a pensar igualmente a mim,nem todos é claro,mais a maioria.
Mesmo na cidade,não deixei de participar do movimento indigena.Os alunos inidgenas junto com organizações.Iamos a praça do palacio do governo,faziamos carreta.Aqui mesmo na cidade.
Hoje,estou no 5° semestre de minha graduação.A raposa Serra do sol está Demarcada,homologada e registrada e o povo indigena está mais que alegre.
E no mes de abril deste ano(2010)Vamos ter a Festa da Comemoração"a Festa dos Netos de makunaiî"

Alex makuxi
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