Raposa Serra do Sol

Raposa Serra do Sol
Terras de Makunaima

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Carta Aberta aos ilustres senadores Acir e Mozarildo de Rondônia e Roraima respectivamente:

O Brasil já é o “fundo do quintal do mundo” (não precisa querer ser transformado em tal, como senador Acir se expressou). Ihumanossto, porém, em temos de mediocridade e hipocrisia dos representantes
“eleitos” por um povo transsecularmente mantido em profunda ignorância e deculturação dirigida e que, portanto, vende seu voto àqueles que mais cedo ou mais tarde tornarão caso de Polícia Federal e/ou Justiça (pós-Gilmar-Mendes).

Seu discurso infamemente anti-ambientalista e toscamente chauvinista de ontem (dia 11 de novembro de 2010), caro senador Acir (e seus acrescimentos tão falsos – em termos científicos quanto éticos – como pérfidos, caro senador Mozarildo) compõem apenas mais uma obra desse coquetel evidentemente inesgotável de mediocridade e hipocrisia da parte da senhoria da Casa Grande do Brasil (contemporâneo).

Num ponto, porem, concordo, achei honestidade e sinceridade na sua leitura. Precisamente na sua preocupação diante a possibilidade de um governo de Nações Unidas da Terra (que meus filhos, se a Terra até então ainda fosse habitável, provavelmente conquistarão). E que já consta até uma exigência oficial, por exemplo, dos jovens do Partido Verde da Alemanha.

Já que num governo global figuras neo-feudais e multiplamente nocivas para humanidade e planeta Gaia como os senhores só teriam vez como folclóricos bobos de Zimbábue e Brasil daquela era (atual nossa) quando nestas regiões terrestres ainda houve governos maquiavélicos que mantinham seus povos na mais profunda armadilha da ignorância e manipulação fácil.

O (pelos senhores) sempre chamado ídolo Crescimento realmente é necessário. Mas só e Exclusivamente em termos educativos, informativos e emancipatórios dos povos. Para que possam eleger de fato e, consequentemente, livrar via as urnas (e ruas, se for necessário, vejam Paris, vejam Londres, lembram Copenhague, lembram Brasília) o país Terra dos defensores e lucradores da exploração-destruição global corrente. Como aqui no feudo Brasil os dois senhores (e tantos outros ilustres tragicômicos neste Senado). Como as donas Kátia Abreu e Serys. Como a dona Dilma. Como o neo-senador e mega-destruidor Maggi e o ex-ministro da ridicularia atômica Lobão (...) e toda Companhia Ruralista e/ou Serrista e/ou Lulista. E como todos os ingênuos ventríloquos que não parem de ruminar tal casamento dos antagonistas sustentabilidade e crescimento (que é impossível) e que defendem, portanto, a via da morte a qualquer custo dos outros.

Se querem aprender (o que não querem, eu sei), descem dos seus torres de marfim e aprendem com o que resta dos Povos Originais daquelas terras roubadas que os senhores continuam ocupando (e detonando). Aquela gente que querem catequizar (senão exterminar) com sua sabedoria e moral mortais. Que, porem, sabiam viver bem=feliz nestas terras durante milênios sem destruir nada. E sem a sua tecnologia e sua religião do Mais que beneficiam (materialmente) uns poucos e
trazem miséria para muitos. Em breve temos um bilhão de seres humanos fomentos. Graças ao seu modelo econômico-destruidor!

Se o Claude Lévi-Strauss ainda estaria com a gente enviaria seu(s) discurso(s) descarado(s) para ele (também) responder. Seguramente ele, também, um perigoso agente da conspiração gringa(-judéia) contra (seu) Brasil (escravocrata) e os (seus) interesses feudais (particulares). O Edgar Morin, outro gringo judeu conjurado certamente, até já tomou posição diante este enganador mantra de crescimento e progresso chauvinistas. É apenas acessar no internet seu pensamento “Se eu fosse candidato” do ano 2007.

Sinto é profundo nojo dos senhores. Sinto, através de sujeitos como os senhores, o futuro dos meus filhos (e netos) gravemente ameaçado. (E não gosto nada disso!) Mas ainda aposto na força da verdade e do senso comum. Mataram o Chico Mendes que foi um bom representante dessas qualidades. Mas não adiantou. A Vandana Shiva, por exemplo, hoje as representa com sucesso. Globalmente. O tempo dos senhores já está acabando.

Sem mais, sem abraço e sem cordialidade,
Christian Ardaga Widor
Etnólogo e Pedagogo
Piatã, Bahia

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