Raposa Serra do Sol

Raposa Serra do Sol
Terras de Makunaima

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

VENCEREMOS O IMPÉRIO DA MORTE!

Quando a terra mãe era nosso alimento,quando a noite escura formava o nosso teto, quando o céu e a lua eram nossos pais, quando todos nós éramos irmãos e irmãs, quando os nossos caciques e anciãos eram grandes líderes, quando a justiça dirigia a lei e sua execução... Ai outras civilizações chegaram com fome de sangue, de ouro, de terra e de outras riquezas, trazendo muna mão a cruz e na outra a espada, sem conhecer ou querer aprender os costumes de nossos povos, nos classificaram abaixo de animais, roubaram nossas terras e nos levaram para longe delas, transformando em escravos os filhos do sol. Entretanto não puderam nos eliminar e nem nos fazer esquecer o que somos... e mesmo que o nosso universo inteiro sejam destruído nós sobreviveremos além do império da morte!

(Declaração Solene dos Povos Indígenas, escrita em 1975)

Estamos vivendo em uma época de crises onde a população indígena do Brasil em especial os povos de Mato Grosso do Sul vivem momentos de horrores, medo, lágrimas, sangue, dores e mortes.
No mês em que comemoramos o dia da Proclamação da República (15), pergunto eu como povo. Que república é essa? Quais são seus beneficiados? Quem a dirige?
E por falar em república. Vivemos em um estado “republicano” onde seus dirigentes de forma meio despolitizada, com muita democracia, mas, com pouco espírito republicano, lado a lado com as desigualdades de poderes articulam seus domínios e permanência na elite social carregando com sigo um mundo de preconceito e racismo, submetendo as classes indígenas à espoliação de suas culturas com assassinatos de crianças, jovens, adultos, líderes, professores e estudantes. Fato este tem como o exemplo o cacique Nisio Gomes do acampamento Tekoha Guaviri, município de Amambai, assassinado no dia 18 de novembro de 2011.
A população indígena do MS, esta sobrevivendo em meio a uma verdadeira guerra civil criada pelo Estado Brasileiro devido e exclusivamente pela falta de competência de seus dirigentes políticos que atuam sobre a nação originária destes pais de forma autoritária, antidemocrática, fascista, influenciando ações terroristas, milícias armadas com ódios da desigualdade somados ao “ódio racional”, paradigma do século XX onde a vitória desta guerra sempre é dos donos do boi, do grão e das usinas sucroalcooleira. Estado extremista!
Um fenômeno que não consigo entender como um país que se destaca pelas políticas de direitos humanos, segundo visões internacionais e das mídias classistas, esse Estado em momento algum permitiu um diálogo aberto com os habitantes tradicionais da nação brasileira negando direitos que são reivindicados há muito tempo pelos verdadeiros donos deste solo, direito este garantido pela atual Constituição da República Federativa do Brasil desde 1988.
Onde está o comprimento constitucional?
CAPITULO IV – ARTIGO 129: São funções institucionais do Ministério Público: V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
CAPITULO VII – ARTIGO 67: A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição;
ARTIGO 231: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras tradicionalmente ocupam, competindo a União demarcá-la, proteger e fazer respeitar todos seus bem. Já se passaram mais de 23 anos contanto com os dias atuais, nós indígenas percebemos a ausência de vontade politica por parte de Estado Brasileiro de cumprir uma pequena parte da constituição brasileira considerada a Carta Magna que rege esta nação.
A nossa indignação como verdadeiros povos habitantes desse pedaço de chão chamado Brasil, baseia se no fato de há muito tempo a nossa sociedade vêm elaborando complexos sistemas de pensamentos e modos próprios de produzir, armazenar, expressar, transmitir, avaliar e reelaborar nossos conhecimentos e nossas concepções sobre o mundo, o homem e o sobrenatural.
Apesar de depararmos como uns dos períodos mais sangrentos da história da sociedade indígena, nosso povo jamais irão desistir de lutar. Em nome dos nossos irmãos perseguidos, mortos e enterrados as nossas forças sempre se renovará.
Lutar sempre desistir jamais.

VALDEVINO GONÇALVES CARDOSO.
TERENA – MS.

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