Raposa Serra do Sol

Raposa Serra do Sol
Terras de Makunaima

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Guajajaras Em Confronto Com Fazendeiros No MT..




Indignados índios Guajajaras que reside em Mato Grosso na BR 163 Município de Claudia, se Prepara para um Confronto com os Fazendeiros da região, o mais implicante é o Siro Rocha ,Conhecido como Ciro paca e seus Compassas,Marcelo Mineiro e Darico, que querem tomar Nossa Terras, Mais não vamos deixar.
A Juíza de Claudia A DR.Beatriz Schmidt Concedeu uma Liminar, a favor dos Fazendeiros,para tirar Nós da área que compramos e pagamos Com nosso Dinheiro, temos todas as Documentação que comprova isto.
Para eles pegarem a Liminar,eles usarão o nome do Sr Paulo, porque ele é branco e casado com uma índia.
Mais foi ela que comprou a Propriedade para acetar seu povo,A Juíza sem saber que essas Terras Pertencem aos índios, despachou a Liminar,mais não vamos deixar eles entrar, tem que ser esclarecido todas essa mentiras,desse tal de Siro Paca, Marcelo Mineiro e Darico.
A verdade tem que aparecer ao Nosso Favor estamos Prontos para o que der e Vinhe.

Atenciosamente : Josyhanny Guajajara.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Um Olhar de desespero: Terra Indígena Guajajara em Jogo

No ultimo dia 07, foi realizada no estado do Mato Grosso, uma audiência para tratar-se do destino de um pequeno pedaço de Terra ocupado pelo Povo da Etnia Guajajara, parecia que eles iam ganhar a causa.

Não é de se admirar que fazendeiros tenham usado intimidação antes desta audiência, contanto com um poder financeiro e com a ajuda de policiais em alguns casos. Como em muitos outros casos a perseguição dos Povos Indígenas se repete com o Povo Guajajara do Mato Grosso, uma cena camuflada pelas mídias comerciais que preferem mostrar tal progresso que destrói cada vez mais os sonhos de populações Inteiras.

A situação se agrava cada vez mais para o povo Guajajara daquele estado, que segundo informações os fazendeiros conseguiram um liminar, onde ganham a causa de um pedaço das Terras onde vivem.

A justiça tem andado a passos curtos, quando se trata da questão indígena no Brasil. Raposa Serra do Sol foram mais de 30 anos de luta, Pataxó hã hã hãe, mais de 25 anos, Tupinambás mais de 25 e ainda lutam por uma terra que já foi reconhecido como território Indígena.

Mortes não são necessárias para sensibilizar a justiça, nem tão pouco a FUNAI e o Ministério Público? Há anos o Estado Brasileiro banha em sangue Indígena, há anos vivendo de promessas, promessas essas que só chegam em época de campanha. Quando na verdade esses políticos nojentos, que aparecem a cada 4 anos em nossas aldeias não fazem nada pela população Indígena.

É impressionante como temos que assistir um holocausto brasileiro. Enquanto o Governo Brasileiro, nada faz.

O Povo Guajajara depende de uma decisão judicial. E Portanto, se ainda há justiça nesse país eles devem sair vitoriosos, pois caso contrário. A Justiça será falha, e cometerá mais um massacre contra o povo indígena do Brasil.


Por: Alex Makuxi e Josy Guajajara

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Desabafo dos índios Guajajaras


Estar aqui algumas Provas que Nós estamos sendo Perseguidos Pelos Fazendeiros da redondeza No município de Claudia MT.

Na Data do dia 22 de maio de 2011 por volta das 14 Horas da tarde, o Senhor Leurides e Siro Dos Santos Rocha,conhecido como Siro Paca e 9 homens Fortemente armados Invadirão a Nossa comunidade T erras que Compramos Com recursos Próprio, mais eles Diz: que não quer índios Perto deles porque eles são plantadores de Soja,e Criadores de Gado.

Imagina o que tem haver isso. índio também é Gente temos o nosso Direito de morarmos onde quisermos,e ainda que compramos essa terra,temos documentos que comprovam que compramos do legitimo dono,que se chama Oscar Hermínio Ferreira filho.

Mais descobri porque eles tem medo porque antes essas áreas de terras era dos índios Kaiabi que sairão da região corridos a tiro e ponta pé,a Maioria deles eles matarão,A História dos Kaiabi é conhecida na Região.

Como Nós compramos essa propriedade de Oscar eles quizerão fazer o mesmo que fizerão com os Kaiabi, Chegarão na nossa comunidade amedrontando com policiais amando Do Ciro Paca e do Filho dele que se Diz ser delegado da delegacia regional de Policia Civil de Sinop MT,dizendo que tínhamos que sair de um jeito ou de outro,por bem ou por mal sem nem um documento Judicial.

Eles dizem que índios tem que ser isolado bem longe dos Brancos diz também que pode Matar índio a qualquer hora pois suas armas são documentadas. Inclusive em seis de janeiro de 2010 esse ciro paca atacou umas índia em uma Ponte que da asesso a área indígena ele sacou da arma para Matar as índias Mulheres e elas usarão a força delas e tomarão a arma dele, levarão a Policia Federal,e depois de 1 Ano ele apareceu com o registro da arma então porque ele não Mostrou o registro na Hora para o Doutor Paulo Mauricio De Melo Delegado da Policia Federal? então mus amigos fica ai o meu desabafo até quando vamos Viver ameaçados pelos fazendeiros?

Atenciosamente: Casique Sumakrir

O Aviso de morte: A Realidade do Povo Guajajara em MT

Como em quase todos os estados brasileiros, o extermínio dos povos indígenas acontece na frente dos olhos de quem quer ver. Parecendo uma guerra étnica, financiada pelo próprio governo. A dizimação dessa população começou há mais de 511 anos e até hoje ainda existem os chamados bandeirante, também conhecido como Jagunços.

No estado do Mato Grosso, a Aldeia Guajajara, no município de Claudia poderá desaparecer, caso nenhuma atitude for tomada. Ameaças continuas acontecem, e o pior é que os fazendeiros, como em muitos casos brasileiros, estão acompanhado pela Polícia.

Em maio de 2011, moradores da aldeia Guajajara, foram surprendidos por fazendeiros, jagunços e policias, que segundo o povo da aldeia, a polícia queria atirar neles. Não é de se surpreender, pois no estado vizinho acontece o mesmo, em Roraima também foi do mesmo jeito, e por ultimo na Bahia. Nas últimos meses, o serviço da polícia, tem sido cumprir mandatos policias criminosos, e a FUNAI, instituição ao qual cabe proteger os povos indígenas pouco tem feito.

A guerra contra os povos Indígenas é um aviso, de que o que era pra ser tratado como um caso de políticas públicas, é tratado com a polícia. O Estado brasileiro que devia demarcar todas as Terras Indígenas em até 5 anos após a promulgação da Constituição, não tem se esforçado o mínimo.

O desespero da Aldeia Guajajara, é que no próximo dia sete, terá uma audiência, a pedido dos Fazendeiros, que dizem que a terra pertence a eles, e querem a reintegração de posse. Caso isso aconteça será a maior prova que um novo Descobrimento virá acontecer, e antes as armas usadas eram espadas, canhões. Hoje os Invasores usam armas compradas com dinheiros públicos, coletes comprados com dinheiro público. Mas o objetivo é o mesmo: Matar os índios e ocupar a terra deles.

Não é possível que ninguém veja isso, onde está o MP-MT, o MPF e a FUNAI?, acontecendo absurdos contra a população indígena e ninguém faz nada? Não apenas tiram o direito a Terra, como também o direito a educação, a saúde e o Pior o direto a Vida.

Nós ainda estamos aqui para defender o que é Nosso Não Importa o que eles vão dizer prá incriminar a Gente.

Estamos aqui pro que der e vier eles tem que aprender a nos respeitar. Sei que inúmeras aldeias sofre o descaso Da Funai que Foi criada para defender Nós Índios mais não estão fazendo nada, até quando iremos ser atacado pelos Brancos?

Até quando eles vão Ficar Matando Índios Inocentes? Até quando eles vão querer Ficar Roubando Nossas Terra ?

Eu Particularmente To indignada Isso tem q ter um Fim. E que esse fim tem que ser Nós Lutando pelos Nossas terras pelo nosso Povo.


Por:

Josyhanny Gujajara

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Bola da vez: Guerra aos Povos Indígenas!

O governo está cheio de motivos pra contrariar a sociedade. Primeiro os seus planos, então conhecido como PAC, em seguida é acabar com a pobreza, e no comercial é até bonito. E como um plano maior fazer o que mandam os ricos.
Desde que me entendo por gente, que percebi que há sempre um perseguido e um a perseguir. Não importa o motivo sempre vai ter. Recentemente passaram aos olhos da TV brasileira a reintegração de posse a uma empresa falida de alguém que, no lugar onde moravam aproximadamente 1.658 famílias, que agora lutam pelo uma vez pelo direito que lhe foi retirado: o direito de ter um teto digno para morar. De forma arbitrária, usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão, e o pior retiram famílias inteiras sem ao menos deixá-los retirar seus pertences.
O outro pinheirinho está para acontecer. No estado do Mato Grosso do Sul, uma ordem Judicial indica que as famílias da comunidade Guarani Kaiowa da Terra Indígena Laranjeira Nhanderu poderão ser despejadas de sua terra tradicional. Em continuação ao processo de dizimação que começou a 512 anos atrás, o governo vem cumprindo com seu papel anti-constitucional. A demarcação total das Terras Indígenas, que deveria ser feita até cinco anos após promulgada a Constituição Federal, até hoje não foi cumprida.
A luta por um lugar digno, pelo direito de sobrevivência, pelo direito a um pedaço de Terra anda longe de ser um sonho realizado pelos Povos Indígenas no Brasil. Como em uma declaração de Guerra, O governo resolveu acabar de vez com o que incomoda o chamado Progresso Capitalista.
Ao autorizar a construção de Belo Monte (Belo Monstro), o Governo não só desrespeitou a constituição, como deixou bem claro nesta atitude que quem for contra saíra perdido, exemplo disso Magaron, servidor da FUNAI de Altamira, foi exonerado. Assim como as liminares que eram a favor da População do Xingú, foram derrubadas. Esse foi só o inicio da Guerra. Possivelmente veremos mais uma vez as nossas Terras banhadas pelos sangues de índios, e isso não sensibiliza muito pouco os governantes deste País, pois Brincar de ser índio eles brincam, colocam um cocar na cabeça. Mas viver a vida dos índios eles não dão a mínima.
Como uma guerra declarada para o Brasil inteiro, o estado do Mato Grosso do Sul, teve suas vítimas esse ano, ao perder uma de suas principais lideranças do Povo Guarani Kaiowa, assim como em anos anteriores perderam outras. Na Bahia, atitude truculenta da polícia, desalojou mais famílias indígenas na manhã do dia 01 de fevereiro.
Agora a pergunta é que fica, o Governo declarou guerra aos Povos Indígenas, mais o que acontece se reagirmos? Matam! Belo Monte vai retirar o direito de sobrevivência de vários povos Indígenas, No Mato Grosso do Sul, algumas vítimas já foram ao encontro de Tupã, e outras estão em uma lista há espera da morte, pois o governo nada faz por eles. Na Bahia, Pernambuco e em outros estados a espera pela demarcação das Terras tem causado grandes transtornos nas vidas dos Povos Indígenas, o pior é que alguns territórios já estão demarcados há anos, mais se tomamos atitudes de viver livre, vem a polícia, o Governo e as empresas privadas, e nos tiram esse direito.
O dia alusivo aos povos indígenas está chegando. Provavelmente neste dia, as crianças nas escolas irão com um cocarzinho na cabeça para suas casas, um ou dois governadores irão distribuir brindes e brinquedos em alguma aldeia. Mas o que é preciso ninguém faz, a população não lembra de Nísio, de Galdino, de Xicão Xucuru, Maçal Tupã, e de tantos outras lideranças que foram vítimas da arbitrariedade do Governo, e da luta pelo direito a vida. E o que os povos indígenas comemorarão neste dia? Mortes, Torturas, Ameaças, Perda de suas Terras, e a perda do direito a vida.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NÍSIO NÃO É ELVIS PRESLEY



Não é de se admirar que viesse essa resposta na perícia feita pela Polícia Federal. Vivemos em um país onde milhões de índios morreram desde a invasão de suas terras e hoje essa cena se repete, e em nome da lei vamos abafar o Caso. A justiça não é para todos e sim para todos que tem dinheiro. E isso todo mundo está cansado de observar.

No dia 18 de novembro deste ano morre no estado de Mato Grosso do Sul, Nísio de Gomes, liderança do Povo Guarani Kaiowa, vítima de um ataque violento ao Tekoha de seu povo. Um grupo de jagunços fortemente armados, entram no acampamento sem poupar crianças e mulheres, atacam como se fosse em um filme de Faroeste, balas que ferem até a alma de quem luta por uma justiça, que luta por viver em pais há mais de 510 anos.

Seu corpo arrastado, jogado em uma caminhonete. A sua família não teve nem a chance de enterrar seu ente querido, sua vó então com 105 anos de idade, chora sua morte. Deixou para traz apenas os gritos de medo e dor de seu povo.

Após um mês de “investigação” saí um resultado insultante e inconveniente, Nísio Não Morreu! Pasmem! Mas foi essa a resposta dada por pessoas capacitadas para tais trabalhos. Faz lembra o falecido cantor norte-americano que divulgou sua morte para ganhar fama e depois a população rockeira dizer: Elvis Não Morreu!

Agora para parem para comparar, Elvis fez isso por que sua fama estava acabando e com essa façanha conseguiu recuperá-la. E Nísio pó que motivo fingira uma morte? Por então seu povo, sua família choraria uma falsa morte? Convercer o governo a demarcar sua Terras não era, pois tantas lideranças Já Morreram: Galdino Pataxó, Xicão Xucuru, Marshal Tupã e muitos outros parentes sacrificaram sua vida em nome de seu povo.

A Justiça? Devia estar passeando nessas horas. Quem está preso por ter ateado fogo em Galdino? Por Xicão Xucuru? E Pelos outros? Ninguém!!! E agora quem estar preso pela morte de Nísio? Então a justiça deve responder que ele não morreu e que de uma hora pra outra desapareceu da face da terra sem deixar o endereço onde iria ficar o resto da vida?

Nísio foi assassinado, assim como outros grandes mártires indígenas que lutavam pela justiça, pela terra de seu povo me principalmente pelo Direito a Vida. O Governos e seus capangas ainda não perceberam que desde que o Brasil foi invadido os povos Indígenas deixaram de VIVER para SOBREVIVER.

E Agora a pergunta de quantas mortes o Governo precisa para criar vergonha de fazer o que manda a constituição? Não estamos querendo que o governo nos faça favor, não simulamos mortes por sensibilização, não choramos por fingimentos! Estamos querendo que o nosso direito seja respeitado, que seja reconhecida a dívida que o estado Brasileiro tem com os índios. Nós lutamos e morremos por um bem comum: Vida. Choramos pela dor e pelo sofrimento causado pela ignorância do Governo Brasileiro.

Alex Makuxi

Acadêmico de História da UFRR

Gestor da Rede Índios On Line

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

UM GUERREIRO TOMBOU, MAS NÃO PERDEMOS A BATALHA E NEM A GUERRA.

Assassinatos de lideranças indígenas anunciados e marcados com dia e hora para acontecer, isso é novo pra mim. Já se vão 30 anos de militância no movimento social e nunca vi isso e a minha maior indignação é que os órgãos públicos responsáveis pela proteção foram os primeiros a tomar conhecimento desse anúncio. Pq o Sistema Nacional de Proteção dos Defensores de Direitos Humanos não funciona para indígena? Pq não funcionam as políticas públicas de assistência da FUNAI? Pq os gestores da FUNAI agem contra os direitos e os interesses dos indígenas? Pq os próprios gestores tem tanto ódio e raiva dos indígenas e nenhum procedimento ético/disciplinar é movido? Pq o MJ e a FUNAI firmaram convênios com os Estados para o uso da força policial contra os indígenas? Pq o governo do PT mantém essa gestà £o perversa, maliciosa e que atenta contra os direitos e os interesses indígenas? Pq a Ministra da Igualdade Racial, a pretexto de exaltar o dia da consciência negra, omitiu o ocorrido?

Toda solidariedade ao povo Kaiwa.


Arão da Providência

De Marçal a Nisio – semente e sonho Guarani

Egon Dionisio Heck


“Há 28 anos quiseram fazer calar a voz do líder indígena Marçal, o grito foi além fronteiras e fez ao mundo dirigir o seu olhar para o povo Guarani-Kaiowá , porque é forte o grito dos homens, que estão juntos como um arco-íris no abraço de Mar a mar. Vamos continuar a gritar a invencível causa dos pobres, como irmãos e irmãs com o amor da Mãe Terra, como um sinal de bondade de ternura e vida plena, acreditemos na proposta de vida dos povos indígenas.” (Francy Perez)

As milhares de manifestações, de atos contra a impunidade e solidariedade ao povo Guarani, são um claro de que é necessário dar um basta a esse massacre e genocídio dos povos nativos desta terra. Essa guerra secular tem que acabar!

“É o que está acontecendo neste Estado, onde, em ondas sucessivas de repetidos assassinatos contra grupos indígenas, semeia-se ao lado de corpos crivados de balas, a sensação de que se vive num Estado cuja lei só submete os pequenos. Enquanto aguardam pela identificação e delimitação de suas áreas, um a um do povo Guarani vai tombando, semeando cruzes, misturando-se ao pó e ao capim broquearia e a cana, e seu dono, de hálito de pólvora e bovinos métodos de extermínio.” (Carlos Alberto – “Acorda Mato Grosso do Sul” – novembro 2011))

Contra a impunidade e em defesa dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul

“Queremos justiça, queremos justiça!” Em coro, mais de 300 pessoas, gritam no auditório da Assembléia Legislativa do Mato Grosso do Sul. A voz potente de Mercedes Sosa, pede que não sejamos indiferentes ante tantas vidas matadas, num mundo tão injusto! De Marçal Tupã’i a Nisio Kaiowá Guarani, muitas vidas foram plantadas no chão encharcado de sangue. Forte emoção no plenário. Uma criança Kaiowá entra trazendo uma vela acesa. A luz não pode ser sepultada. Nisio, assim como Marçal e centenas de lideranças desse povo irão iluminar os passos na reconquista de suas terras.

No documento assinado por mais de setenta entidades, é exposta a gravidade extrema da violência e as urgentes e necessárias providências “O atentado contra Nísio Gomes e sua comunidade reflete ao mundo um dos piores quadros de violações de direitos humanos contra povos originários. Os índices de terras ocupadas efetivamente pelos povos indígenas de Mato Grosso do Sul maculam a medida do bom senso, com reservas superlotadas e infestadas pela falta de condições dignas de vida para seus habitantes....A agressividade em que os setores contrários aos direitos indígenas impõem seus interesses é intolerável, mas tem sido respaldada pelas omissões do Estado brasileiro. O Brasil não poderia reivindicar espaços nos órgãos internacionais, como a ONU, defendendo direitos de povos no mundo afora sem sequer ter reconhecido os direitos dos povos brasileiros. Uma contradição insustentável que deve ter atenção especial dos organismos nacionais e internacionais”

Para finalizar o ato, o deputado Pedro Kemp,batalhador da causa e propositor do evento, convidou os presentes para cantar com ele o hino em homenagem a Marçal, para lembrar os 28 anos em que ele foi plantado nessa terra para dar certeza de que os Guarani terão de volta as terras que lhes pertencem secularmente. “Marçal, Marçal, tua morte só apressa o dia em que o alto preço dessa covardia será cobrada pelos Guarani”, O ato começou com a emoção do hino nacional cantado em Guarani, e terminou com essa linda canção em homenagem aos lutadores, heróis e mártires desse povo.

Uma comissão da Secretaria de Direitos Humanos da Presidencia da Reepública esteve no local para se inteirar dos fatos e tomar algumas providencias imediatas “segundo Ramaís Silveira, enquanto houver um impasse sobre a posse das terras, equipes da Força Nacional serão mantidas na entrada da fazenda. A medida foi tomada pelo governo brasileiro para evitar outro CONFLITO na área.” É uma vitória da terra e de seus filhos.

A Polícia Federal considera que as investigações estão bem avançadas. "Os vestígios de sangue estão sendo analisados pela perícia. Pela quantidade de sangue encontrada no local pode se afirmar com convicção que o ferimento que o cacique tenha recebido foi mortal", revela Edgar Marcon, superintendente da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul. (G1, 25-11-11)

Comitê Nacional de Defesa dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul

A indignação deve se transformar em ações concretas em solidariedade transformadora. E movimentos sociais, acadêmicos e de instituições nacionais como a OAB, trataram logo de criar um instrumento em defesa permanente dos povos indígenas deste estado, para colocar um basta nesse processo de morte, de genocídio. No dia 24 deste mês foi criado um organismo integrado por mais de 40 entidades regionais e nacionais com o objetivo de “defender a população indígena contra todas as formas de violência, seja por ação, ou por omissão, seja por parte de particulares ou do poder público.”

Os trata como forasteiros,

Como se não fossem daqui!

Da grande Nação Guarani,

Explode o grito de dor,

Queremos justiça,

Devolvam os corpos

Roubados, a paz matada,

A terra sagrada,

Para continuar plantando

Nossos sonhos

Com o sangue semente,

Com o sorriso de Nisio,

A veemência de Marçal,

A sabedoria ancestral!

Amanhã será um novo dia,

De viver com alegria,

No chão da liberdade

E da terra reconquistada!

Mba’e japa

Egon Heck

Povo Guarani Grande Povo

Cimi 40 anos, novembro de 2011

Assim como em 1980 em Campo Grande se criou a União das Nações Indígenas – UNI, da qual Marcal Tupã’i era vice presidente, aqui se cria um instituição nacional em defesa dos dieitos dos Povos Indígenas. No encontro de fundação já foram indicadas algumas ações concretas, como o encaminhamento de uma ação à Organização dos Estados Americanos – OEA e solicitar a intervenção na fronteira do Mato Grosso do Sul, para evitar que novas violências sejam perpetradas contra os Kaiowá Guarani e Terena.

Semeando cruzes e sonhos

O dia amanhece!

Sobre as cruzes Guarani,

Cresce o capim,

A soja e a cana,

No caldo amargo

De vidas moídas

Na engrenagem

Do sistema de ambição!

Outro dia amanhece

Cresce a revolta,

Forma-se um turbilhão,

Da gente Guarani Kaiowá,

Dizendo - Alto lá!

Chega de invasão e morte,

Queremos justiça,

Que é vida, paz,

Liberdade ,

No caminho

Da terra sem males!

Anoitece!

O Brasil fecha os olhos

A seus filhos primeiros,

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Desperta Mato Grosso do Sul!

A realidade dos massacres contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul desde há muito se mantém escondida nas dobras da história mal contada pelos memorialistas e seus feitos heróicos que praticamente inventaram esse Estado de feições e cores multiculturais. Eis que agora, entretanto, esse caldo de cultura toma corpo e salta aos borbotões em rios de sangue, dizendo que nada vai bem nestas terras Guarani e Ofaié.

Desde o vergonhoso caso Marçal Guarani que se arrastou décadas pelos escaninhos da impunidade, passando por Marcos Verón e tantos outros que trilharam a estrada e tombaram na busca pela terra sem males, até chegar no massacre ocorrido em Guaiviry, que vitimou o cacique Nísio Gomes, em Aral Moreira-MS, barbaramente assassinado no dia 18 último, os ‘sonhos Guarani’ ainda estão por vir....

A centena de acampamentos de lona preta ao longo das estradas federais e estaduais, e as dezenas de áreas em litígio ocupadas por indígenas que reivindicam o direito de primis ocupandi, há muito deixaram de freqüentar as estatísticas dos órgãos governamentais agrários e fundiários; há muito deixaram de compor a minuta dos projetos de pesquisas acadêmicas e ser objeto de minuciosas monografias, dissertações e teses universitárias. Agora o que se tem é a dor e a realidade cruenta que salta do papel e respinga na cara de todos, para que o cidadão desperte.

A maior parte dos processos de regularização fundiária das terras indígenas em Mato Grosso do Sul padecem de um vicio congênito que é o de submeterem-se à ingerência do poder político local, à semelhança das velhas cepas dos coronéis da república que primeiramente povoaram e praticamente tomaram de assalto ambos os lados das faldas da serra de Maracajú, no pós-guerra contra o Paraguai. Por isso as demarcações de terras se arrastam no tempo, expondo a fragilidade indígena ao mando da força e o jugo dos grandes proprietários de terras.

É o que está acontecendo neste Estado, onde, em ondas sucessivas de repetidos assassinatos contra grupos indígenas, semeia-se ao lado de corpos crivados de balas, a sensação de que se vive num Estado que só submete os pequenos. Enquanto aguardam pela identificação e delimitação de suas áreas, um a um do povo Guarani vai tombando, semeando cruzes, misturando-se ao pó e ao capim braquiária e a cana, e seu dono, de hálito de pólvora e bovinos métodos de extermínio.

“A situação de insegurança e medo vivida pelas populações indígenas é insustentável”, escreveram os alunos indígenas da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade de Amambai, incentivados pela professora e antropóloga Aline Crespe, como forma de protesto. Diversas outras comunidades, pesquisadores e entidades solidarizaram-se com a denúncia, mobilizando uma corrente de divulgação que alcançou o resto do país e o exterior em defesa dos povos Guarani e demais povos indígenas que vivem situação semelhante de violência e crueldade.

Na arqueologia dos fatos a descrição dos estudantes é revoltante: “Por volta das seis horas chegaram os pistoleiros. Os homens entraram em fila já chamando pelo Nísio. Eles falavam: ‘segura o Nísio, segura o Nísio’. Quando Nísio é visto, recebe o primeiro tiro na garganta e com isso seu corpo começou tremer. Em seguida levou mais um tiro no peito e na perna. O neto pequeno de Nísio viu o avô no chão e correu para agarrar o avô. Com isso um pistoleiro veio e começou a bater no rosto de Nísio com a arma. Mais duas pessoas foram assassinadas. Alguns outros receberam tiros mas sobreviveram (...)”.

A indignação só não é maior porque essa violência toda tem nome e o endereço de seus autores é conhecido por todos. Os assim chamados governantes deste Estado há muito solapam a sorte indígena e lucram com eles. Porque prostituir, alienar e matar indígenas de fome, de doença, pelo uso do agrotóxico, pelo trabalho escravo ou vendo-o atropelado na via pública que cruza esta terra de cerrados e pantanais, os Órgãos Governamentais há tempo assistem esse quadro sem nada fazer para salvar este povo do extermínio e alcançar-lhes um cadinho de justiça.

É urgente que a sociedade sul-mato-grossense desperte do sono da indiferença e indigne-se com o seu preconceito, passando a pressionar os poderes instituídos a reverem suas ultrapassadas teses em relação à posse e o uso da terra e a sua relação com os povos indígenas. Porque não é mais possível ficar indiferente diante das páginas dos jornais e das imagens na internet que desnudam a omissão de um Estado que finge ter orgulho de possuir a segunda maior população indígena do país e ao mesmo tempo envergonha-se de nada poder fazer por ela.

Por fim, no campo da ordem pública urge rever a prática do judiciário Guaicuru, cujas decisões refletem jurássicos conceitos, paridos ainda no tempo das frentes de expansão agropastoril capitalista que adentraram o solo do Oeste brasileiro, e cujas decisões do alto do pretório, até hoje, só têm resultado em dor e morte para as populações nativas do campo.

Mais do que a letra fria da lei, espera o cacique Nisio Gomes, a exemplo do saudoso cacique Marcos Verón e seu colar de lágrimas de Nossa Senhora no peito já descansando em terra estranha, que o momento seja de despertar: hora de dar um basta a essa visão carcomida de legalidade praticada pela classe mandatária de um Estado onde ‘um boi vale mais que uma criança indígena’, e onde homens venerados, à lá Hans Kelsen, acostumaram-se a pregar o Direito sem nunca ter de falar de Justiça.

Carlos Alberto dos Santos Dutra - mestre em História e pesquisador da UFMS.

Publicado em http://dutracarlito.com/desperta.html.

VENCEREMOS O IMPÉRIO DA MORTE!

Quando a terra mãe era nosso alimento,quando a noite escura formava o nosso teto, quando o céu e a lua eram nossos pais, quando todos nós éramos irmãos e irmãs, quando os nossos caciques e anciãos eram grandes líderes, quando a justiça dirigia a lei e sua execução... Ai outras civilizações chegaram com fome de sangue, de ouro, de terra e de outras riquezas, trazendo muna mão a cruz e na outra a espada, sem conhecer ou querer aprender os costumes de nossos povos, nos classificaram abaixo de animais, roubaram nossas terras e nos levaram para longe delas, transformando em escravos os filhos do sol. Entretanto não puderam nos eliminar e nem nos fazer esquecer o que somos... e mesmo que o nosso universo inteiro sejam destruído nós sobreviveremos além do império da morte!

(Declaração Solene dos Povos Indígenas, escrita em 1975)

Estamos vivendo em uma época de crises onde a população indígena do Brasil em especial os povos de Mato Grosso do Sul vivem momentos de horrores, medo, lágrimas, sangue, dores e mortes.
No mês em que comemoramos o dia da Proclamação da República (15), pergunto eu como povo. Que república é essa? Quais são seus beneficiados? Quem a dirige?
E por falar em república. Vivemos em um estado “republicano” onde seus dirigentes de forma meio despolitizada, com muita democracia, mas, com pouco espírito republicano, lado a lado com as desigualdades de poderes articulam seus domínios e permanência na elite social carregando com sigo um mundo de preconceito e racismo, submetendo as classes indígenas à espoliação de suas culturas com assassinatos de crianças, jovens, adultos, líderes, professores e estudantes. Fato este tem como o exemplo o cacique Nisio Gomes do acampamento Tekoha Guaviri, município de Amambai, assassinado no dia 18 de novembro de 2011.
A população indígena do MS, esta sobrevivendo em meio a uma verdadeira guerra civil criada pelo Estado Brasileiro devido e exclusivamente pela falta de competência de seus dirigentes políticos que atuam sobre a nação originária destes pais de forma autoritária, antidemocrática, fascista, influenciando ações terroristas, milícias armadas com ódios da desigualdade somados ao “ódio racional”, paradigma do século XX onde a vitória desta guerra sempre é dos donos do boi, do grão e das usinas sucroalcooleira. Estado extremista!
Um fenômeno que não consigo entender como um país que se destaca pelas políticas de direitos humanos, segundo visões internacionais e das mídias classistas, esse Estado em momento algum permitiu um diálogo aberto com os habitantes tradicionais da nação brasileira negando direitos que são reivindicados há muito tempo pelos verdadeiros donos deste solo, direito este garantido pela atual Constituição da República Federativa do Brasil desde 1988.
Onde está o comprimento constitucional?
CAPITULO IV – ARTIGO 129: São funções institucionais do Ministério Público: V – defender judicialmente os direitos e interesses das populações indígenas;
CAPITULO VII – ARTIGO 67: A União concluirá a demarcação das terras indígenas no prazo de cinco anos a partir da promulgação da Constituição;
ARTIGO 231: São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras tradicionalmente ocupam, competindo a União demarcá-la, proteger e fazer respeitar todos seus bem. Já se passaram mais de 23 anos contanto com os dias atuais, nós indígenas percebemos a ausência de vontade politica por parte de Estado Brasileiro de cumprir uma pequena parte da constituição brasileira considerada a Carta Magna que rege esta nação.
A nossa indignação como verdadeiros povos habitantes desse pedaço de chão chamado Brasil, baseia se no fato de há muito tempo a nossa sociedade vêm elaborando complexos sistemas de pensamentos e modos próprios de produzir, armazenar, expressar, transmitir, avaliar e reelaborar nossos conhecimentos e nossas concepções sobre o mundo, o homem e o sobrenatural.
Apesar de depararmos como uns dos períodos mais sangrentos da história da sociedade indígena, nosso povo jamais irão desistir de lutar. Em nome dos nossos irmãos perseguidos, mortos e enterrados as nossas forças sempre se renovará.
Lutar sempre desistir jamais.

VALDEVINO GONÇALVES CARDOSO.
TERENA – MS.